Tesoureiro do CVC desviou recursos e acumulou R$ 65 milhões em bens de luxo
01/05/2025 às 2h34

Bares de alto padrão, viagens para praias paradisíacas e hotéis de luxo eram comuns para integrantes do Comando Vermelho (CV) que operavam no Mato Grosso. Com a colaboração de Paulo Witer Farias Paelo, 38 anos, que é apontado como o “tesoureiro” de um esquema de lavagem de dinheiro, os membros da facção criminosa desfrutavam de uma vida com muitos privilégios.
Em abril de 2024, Paulo Witer, apelidado de “WT” no mundo do crime, foi preso em regime fechado após a atuação de duas operações da Polícia Civil do Mato Grosso. Posteriormente, sua defesa tem se esforçado para sua libertação.
A última decisão da coluna é de 20 de março deste ano. O juiz João Francisco Campos de Almeida negou que Paulo Witer, preso em ala de segurança máxima, na Raio 8 da Penitenciária Central do Estado (PCE), reservada para custodiados considerados de alta periculosidade, tenha o isolamento revogado.
A decisão foi negada, em razão das justificativas do juiz, pois, em 2024, a polícia constatou que, mesmo detido, WT seguia dando ordens ao núcleo contábil da facção que não estava sob custódia.
LEIA TAMBÉM:
● Prefeito de Salvador reforma imóvel de luxo do empresário ligado à Overclean
● Identificado médico fraudulento que exercia regime de plantão e atendia pacientes menores de idade
● “Zoio”: conheça um dos maiores ladrões de carros do Rio de Janeiro
Movimentação milionária
Paulo Witer foi condenado por movimentação de dinheiro proveniente do tráfico para a facção. Em uma investigação que se estendeu por quase dois anos, confirmou-se que o esquema liderado por ele empregou cúmplices, familiares e empresas de fachada na aquisição de bens móveis e imóveis, com o objetivo de movimentar o capital ilícito e mascarar a origem criminosa das ações.
Witer foi identificado como líder do grupo, estabelecendo alicerces para disseminar e impulsionar a organização criminosa, além de praticar assistencialismo por meio da distribuição de cestas básicas para eventos esportivos.
A investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado revelou que o esquema movimentou R$ 65 milhões na aquisição de imóveis e veículos. As transações incluíram a criação de times de futebol amador e a construção de um espaço esportivo, estratégias utilizadas pelo grupo para a lavagem de capitais e a dissimulação do capital ilícito.
Em novembro de 2024, foi realizada uma nova operação. Investigações revelaram que Andrew Nickolas Marques dos Santos, um dos principais colaboradores de WT, criou uma empresa fictícia destinada a lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas em Cuiabá.
Mesmo detido, o tesoureiro da facção criminosa também foi alvo da Operação Fair Play.
Foram identificados depósitos realizados de forma parcelada, além de movimentações de valores elevados em espécie, originadas de clientes que costumam usar cheques e cartões de crédito.
Na época, o delegado Rafael Scatolon, responsável pelas investigações, apontou que o uso de dinheiro em espécie sugere uma possível tentativa de evitar o rastreamento do dinheiro, que tem origem no tráfico ilícito de drogas.
Desviando do esquema.
De acordo com a Polícia Civil do Mato Grosso, Paulo estava cumprindo pena no semiaberto, utilizando tornozeleira eletrônica, após ter servido 15 anos de uma pena total de 51 anos, imposta em diferentes processos judiciais estaduais.
Entretanto, o líder do Comando Vermelho desviou, em várias ocasiões, as medidas protetivas para despendê-lo em viagens de alto padrão e até em saltos de paraquedas.
Em dezembro de 2023, a tornozeleira eletrônica indicava que o investigado se encontrava em Cuiabá (MT), embora estivesse a quase dois mil quilômetros de distância, desfrutando de um período de lazer e requalificação nas praias do litoral catarinense, onde celebrou a virada do ano e praticou paraquedismo.
De acordo com levantamentos da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), WT realizou viagens às cidades do Rio de Janeiro e Maceió, hospedando-se em estabelecimentos de alto padrão, à beira-mar, em datas posteriores.
A tornozeleira eletrônica indicava que Paulo se encontrava em Cuiabá, em seu apartamento em um condomínio em área valorizada da capital, embora ele estivesse, na realidade, a quase dois mil quilômetros de distância.
Fonte: Metrópoles