Testemunhos Chocantes de El Fasher: Adolescente Relata Massacre e Horror no Sudão

Testemunhos chocantes de El Fasher: adolescente relata horror após ataque das FAR. Munir Abderahman descreve a violência e o desespero na cidade, palco de massacres

2 min de leitura

(Imagem de reprodução da internet).

Testemunhos de um Inferno: A Realidade de El Fasher

Munir Abderahman, um adolescente de 16 anos, descreve sua fuga desesperada de El Fasher, no Chade, após a tomada da cidade pelas Forças de Apoio Rápido (FAR). A cidade, que antes era seu lar, tornou-se palco de um dos piores massacres da guerra que assola o Sudão.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

A narrativa de Munir, compartilhada com a AFP, é um retrato angustiante da violência e do desespero que se espalharam pela região.

Após onze dias de viagem, Munir finalmente chegou ao Chade, deixando para trás seu pai, um militar ferido, que faleceu alguns dias depois na estrada. A descrição da cidade, tomada pelos paramilitares em 26 de outubro, é marcada por cenas de horror. “Chamaram sete enfermeiros e os reuniram em uma sala.

LEIA TAMBÉM!

Ouvimos tiros e vi sangue escorrendo por baixo da porta”, relata o adolescente, tentando conter o trauma.

A situação em El Fasher se intensificou com os bombardeios, que se tornaram rotina a partir de 24 de outubro. As pessoas se refugiaram em abrigos improvisados, enquanto drones patrulhavam o céu. Hamid Souleyman Chogar, de 53 anos, lembra de quando fugiu do esconderijo, encontrando novos cadáveres a cada passo. “Sempre que subia para tomar ar fresco, via novos cadáveres na rua, muitas vezes de moradores do bairro que eu conhecia”, confessou, com a voz embargada.

A fuga de Mahamat Ahmat Abdelkerim, de 53 anos, é igualmente impactante. Ferido em uma guerra anterior, ele foi colocado em uma carroça que passava pela cidade entre escombros e cadáveres. “Ninguém fala por medo dos paramilitares”, relata, evidenciando a atmosfera de terror que pairava sobre a cidade.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Mouna Mahamat Oumour, de 42 anos, e sua família também testemunharam a brutalidade da situação. Ao fugir com seus filhos, ela encontrou a terrível cena de sua tia, destroçada por um projétil. “Havia uma dezena de cadáveres, todos civis. O sangue escorria”, recorda, com os olhos marejados.

Os relatos dos refugiados revelam a extensão da violência e da desumanidade. Além da morte e da destruição, eles enfrentaram atos de agressão, violações e roubos. Mahamat Ahmat Abdelkerim teve seu telefone e seu dinheiro roubados, mas teve que continuar pagando ao passar pelos postos de controle, onde os paramilitares usavam telefones para monitorar as conversas e garantir a passagem.

A situação humanitária no Chade é crítica. De acordo com dados da ONU, cerca de 90.000 pessoas já fugiram de El Fasher desde a conquista dos paramilitares, e a agência de refugiados da acredita que “90.000” pessoas chegarão ao país nos “próximos três meses”.

O conflito no Sudão já causou dezenas de milhares de mortos, deslocou quase 12 milhões de pessoas e, segundo as Nações Unidas, provocou a pior crise humanitária do mundo.

Sair da versão mobile