Trabalho e Saúde Mental: Estudo Revela Crise e Expectativas no Brasil

Novo estudo da Vittude e Opinion Box aponta que 66,1% dos trabalhadores sentiram impacto negativo por estresse no trabalho. Insatisfação com ações das empresas é alta (-19 NPS). Acesso a terapia é limitado, com 92,4% pedindo mais ações corporativas sobre saúde mental

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(Imagem de reprodução da internet).

Um novo estudo, fruto da parceria entre Vittude e Opinion Box, lança luz sobre a preocupante realidade da saúde mental no Brasil. A pesquisa, que analisou mais de 2 mil trabalhadores acima de 16 anos de todas as regiões do país, revelou que um impressionante 66,1% dos participantes já sentiram algum impacto negativo relacionado ao estresse no ambiente de trabalho.

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Os resultados destacam a urgência de se abordar essa questão de forma mais efetiva.

Análise do Net Promoter Score e Insatisfação dos Trabalhadores

O estudo também examinou o “Net Promoter Score” – uma métrica que avalia a satisfação dos clientes e, neste caso, dos trabalhadores – em relação à promoção da saúde mental pelas empresas. O índice ficou em -19, indicando um nível de insatisfação considerável, similar ao do ano anterior.

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Isso sugere que muitas organizações não estão conseguindo engajar seus funcionários em torno do tema.

Divergências entre Percepção e Realidade

A pesquisa identificou uma diferença notável entre a percepção que os trabalhadores têm sobre sua própria saúde mental e a realidade. Embora 38% tenham atribuído uma nota 4 para o seu bem-estar e 28,8% tenham dado a nota máxima, um grupo preocupante de 7,2% relatou um quadro crítico.

Essa parcela da população vulnerável pode não ter acesso ao apoio necessário no ambiente de trabalho.

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Acesso ao Cuidado e Custos

A pesquisa revelou que a maioria dos brasileiros acredita que a terapia deveria ser acessível a todos. No entanto, apenas 26,8% estão atualmente em acompanhamento. As razões para não buscar ajuda são diversas: 48% não veem necessidade no momento, 34,5% citam o custo, e 18% mencionam a falta de tempo.

Entre aqueles que já fazem acompanhamento, a maior parte paga pelo próprio bolso, com valores que variam de R$ 100 a R$ 200 mensais, ou de R$ 301 a R$ 500.

Práticas de Saúde Mental nas Empresas

No ambiente corporativo, a implementação de iniciativas de saúde mental ainda é lenta. A pesquisa mostrou que 46,3% dos trabalhadores não recomendariam suas empresas como promotoras do tema. Apenas 27,6% se sentem satisfeitos com as ações existentes, que incluem políticas contra discriminação e assédio, palestras e webinários, terapia via plano de saúde e comitês de bem-estar.

Modelos de Trabalho e Bem-Estar

O estudo também investigou a influência de diferentes modelos de trabalho na saúde mental. Atualmente, 74% dos trabalhadores atuam de forma presencial, mas o formato híbrido flexível é o mais bem avaliado, sendo apontado por 48,1% como o mais favorável.

Esse modelo permite que 63,3% concentrem-se nas notas mais altas de bem-estar. Já o trabalho remoto integral apresenta 11,4% dos entrevistados em níveis críticos, indicando que a combinação entre flexibilidade e isolamento pode gerar efeitos distintos dentro do mesmo grupo.

Mudança de Expectativas e o Futuro do Trabalho

Ao analisar as perspectivas de futuro, o relatório mostrou que 78,2% dos trabalhadores preferem trabalhar em empresas que possuam programas específicos de saúde mental, e 92,4% defendem que o tema seja tratado com mais seriedade. A CEO Tatiana Pimenta avaliou esse movimento como uma mudança de entendimento dentro das estruturas corporativas, ressaltando que “cuidar da saúde mental é cuidar da performance e da sustentabilidade do negócio”.

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