Transmissão ao vivo do ex-presidente Bolsonaro em unidade de terapia intensiva é um insucesso de audiência
Ele combate a insignificância e o oblívio.

Entre agosto de 1960 e dezembro de 1967, o Recife interrompia suas atividades noturnas dominicais para assistir ao programa “Você Faz o Show”, conduzido por Fernando Castelo e Lolita Rodrigues. Ele, com trajes elegantes, e ela, vestida com roupas de estilistas renomados, proporcionavam um evento sofisticado, considerando a televisão como uma novidade na época.
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Em direto, o programa contava com uma orquestra completa, dedicada exclusivamente à emissora. No palco imenso de um edifício de mármore, apresentaram-se Orlando Silva, Elza Soares, Miltinho, Ivon Cury, Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Elis Regina, Jair Rodrigues, Elizeth Cardoso e Roberto Carlos.
Lembrei-me disso a propósito do programa de televisão protagonizado por Bolsonaro, após a sua sexta cirurgia e enquanto permanece hospitalizado no DF Star, em Brasília, onde passará 15 dias. Em contrapartida, o “Você faz o Show” do ex-presidente não atrai interesse entre seus seguidores e é um desapontamento em termos de audiência nas redes sociais.
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Ninguém se compara a Bolsonaro por um prêmio milionário; apenas figurantes – familiares, amigos, médicos e enfermeiras – montaram uma peça cujo título poderia ser “O martírio do Messias”, aquele que colocou sua vida em risco para salvar o Brasil do comunismo e impedir o retorno de Lula ao poder.
O comunismo nunca representou uma ameaça ao Brasil, ainda que tenha sido utilizado como justificativa para a instauração de uma ditadura militar que durou 21 anos. Bolsonaro não evitou, nem mesmo com um golpe, o retorno de Lula ao poder pela terceira vez, o que lhe resultou em um fracasso.
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O machado “imrochável, incômodo e imorrível” não está à beira da morte como parece. Está à beira de ser condenado e preso pelo Supremo Tribunal Federal. Fugirá ou será recolhido aos costumes à espera de uma anistia que não virá? Ou de uma revolta popular pela qual tanto anseia?
O evento horripilante, transmitido ao vivo de um quarto de hospital na UTI, visa a Bolsonaro comover e inflamar os ânimos daqueles que ainda acreditam em sua ressurreição política.
Bolsonaro se desespera na esteira, buscando a compaixão do povo brasileiro e resistindo à insignificância e ao oblíquo. É positivo que o realize para cumprir seu papel.
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Fonte: Metrópoles