Transplante de fezes pode reduzir os sintomas da fibromialgia
29/04/2025 às 14h57

Um estudo da Universidade McGill, no Canadá, revelou que a transferência da microbiota intestinal de mulheres com fibromialgia para camundongos induz sintomas da doença, incluindo dor, alterações metabólicas e inflamação nervosa. A pesquisa foi publicada na revista Neuron na quinta-feira, dia 24.
A fibromialgia afeta aproximadamente 2% a 4% da população, sendo mais comum em mulheres. Sua causa exata ainda é desconhecida. A condição se manifesta através de dor crônica generalizada, fadiga, distúrbios do sono, alterações cognitivas, sintomas gastrointestinais e depressão.
Qual foi a metodologia utilizada?
Pesquisadores empregaram camundongos fêmeas isentos de microbiota intestinal. Os animais foram submetidos a transplante de microbiota fecal (TMF) proveniente de dois grupos de mulheres: um com fibromialgia e outro, da mesma idade, sem a doença.
Para determinar a dor e as alterações sistêmicas nos animais, os cientistas empregaram testes comportamentais, sequenciamento de RNA de células únicas, perfilagem metabólica, imagens de cálcio dos gânglios da raiz dorsal e análise da micróglia espinhal.
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Em quatro semanas, camundongos transplantados com microbiota de pacientes com fibromialgia apresentaram sensibilidade aumentada ao calor e ao frio, dor espontânea e dor muscular. Após quatro meses do transplante, os animais exibiram sintomas de dor persistente e comportamentos parecidos aos da depressão.
Todas essas mudanças corresponderam a alterações na composição da microbiota intestinal, ativação imunológica marcada por monocitos clássicos e micróglia espinhal, alterações no metabolismo de aminoácidos e ácidos biliares e redução da densidade de fibras nervosas intraepidemais.
A reposição da microbiota associada à fibromialgia pela microbiota de doadores saudáveis reverteu a sensibilidade à dor. A suplementação oral de ácido biliar também reduziu as respostas à dor em camundongos.
Teste em humanos
Em um estudo aberto, 14 mulheres com fibromialgia grave receberam cinco doses de microbiota fecal de doadores saudáveis, administradas por via oral. As cápsulas foram fornecidas a cada quinze dias, após o uso de antibióticos e uma limpeza intestinal para otimizar o estabelecimento da nova microbiota.
De um grupo de 14 mulheres que utilizaram cápsulas contendo microbiota de doadoras saudáveis, 12 apresentaram uma melhora considerável na dor e nos sintomas associados.
A descoberta, ainda que preliminar e necessitando de confirmação em estudos maiores, representa um avanço significativo, possibilitando o desenvolvimento de novos tratamentos para a fibromialgia.
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Fonte: Metrópoles