Por duas vezes e dentro de um mesmo período, uma faxineira de 52 anos, moradora do Distrito Federal, foi vítima de um golpe ao ter a assinatura fraudada em bancos onde ela nem sequer tinha conta.
Segundo advogados da vítima, conforme relatado ao Metrópoles, o fato ocorreu em 2021. Em determinado dia, a diarista decidiu conferir seu extrato bancário e percebeu que uma quantia considerável de dinheiro tinha sido depositada em sua conta no Itaú através dos bancos Bradesco e C6. O valor recebido do primeiro foi acima de R$ 7 mil, enquanto do segundo foi superior a R$ 10 mil.
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A pessoa que desconfiou dessa situação entrou em contato com os dois bancos para devolver o dinheiro que recebeu. No entanto, foi informada que o pedido não seria aceito, pois as transferências foram feitas em seu nome e para sua própria conta, e não para outras pessoas.
Assim, os bancos começaram a exigir pagamentos mensais mais altos da mulher, que recebe apenas o salário mínimo para sobreviver.
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De acordo com o acordo suspeito, a pessoa que não pediu os serviços do Bradesco e do C6 teria que devolver, em um prazo de 7 anos, mais de R$ 34 mil para os dois bancos juntos.
A faxineira não conseguiu cancelar os empréstimos e o estorno dos valores debitados em sua conta, então ela procurou um advogado. O advogado levou o caso à Justiça contra os dois bancos.
O Bradesco e o C6 disseram no processo que a contratação foi feita de forma legal e negaram fraude. No entanto, uma perícia feita pela Polícia Civil do Distrito Federal mostrou que a assinatura da mulher foi falsificada nos contratos examinados.
De acordo com os especialistas, a perícia grafotécnica é uma técnica de comparação de escritas que parte da ideia de que cada pessoa possui uma maneira única de escrever. Em outras palavras, não existem duas pessoas no mundo que escrevam da mesma maneira.
Diante do laudo pericial e da não comprovação do Bradesco e do C6 de que, de fato, de que foi a faxineira quem assinou os documentos, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) determinou que os bancos suspendessem os descontos da conta da vítima e devolvessem, em dobro, os valores retirados.
O banco C6 suspendeu as cobranças, mas decidiu recorrer depois.
De acordo com o advogado da vítima, em 2023 o Bradesco finalmente parou de cobrar as parcelas da conta da mulher, mesmo após ordem judicial. Por isso, a defesa pediu multas e indenização por danos morais.
Roubo de documentos.
Meses antes de ser vítima do golpe, a faxineira teve a bolsa, com documentos dentro, roubada em Águas Claras, no Distrito Federal.
Ela fez um boletim de ocorrência naquela época, mas o objeto nunca foi encontrado.
Defesa
O C6 informou ao Metrópoles que o assunto ainda está em debate no sistema judiciário. Eles garantem que nenhum cliente sairá prejudicado.
Procurado, o banco Bradesco informou que “não comenta casos sub judice”.
À reportagem, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse que os bancos associados mantêm equipes que atuam exclusivamente no combate à fraude documental e que treinamentos sobre o assunto são realizados rotineiramente.
Segundo a declaração, as instituições financeiras adotam diversas medidas para evitar fraudes em documentos. Isso inclui verificar o documento original, comparar assinaturas e conferir fotos com a pessoa presente na agência. Além disso, utilizam sistemas e equipes especializadas para avaliar o conteúdo e o formato dos documentos.
A segurança na contratação de empréstimos está sempre melhorando. Hoje em dia, ter apenas fotos, documentos e informações não é suficiente para contratar um empréstimo ou abrir uma conta. As instituições financeiras têm processos robustos de identificação e segurança para evitar contratações sem o conhecimento e confirmação do cliente. A Febraban concluiu que é necessário que o cliente esteja ciente e confirme todas as condições acordadas antes de fazer um contrato.
