A Corte Constitucional da Romênia, o órgão jurídico mais elevado do país, confirmou nesta quinta-feira, 22, o resultado do segundo turno da eleição presidencial ocorrido no último fim de semana, com vitória do centrista independente e pró-União Europeia, Nicusor Dan.
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O tribunal negou um pedido do candidato derrotado George Simion, líder do partido de extrema-direita Aliança para a União dos Romenos (AUR), para invalidar o resultado das eleições. O julgamento foi unânime e o recurso, no qual Simion acusava uma suposta “interferência estrangeira” e uma “manipulação coordenada”, foi rejeitado.
O Judiciário confirmou os resultados e promoveu uma pequena solenidade com a participação do presidente eleito. A decisão de quinta-feira é irrevogável.
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A Justiça Eleitoral do país também rejeitou as acusações “completamente falsas e infundadas” de Simion, reiterando que a ultradireita tinha o “objetivo único de minar a confiança dos cidadãos nas instituições estatais”.
A favor e contra a adesão à União Europeia.
Dan, que assume a presidência na próxima segunda-feira, declarou que “um novo capítulo inicia-se agora na história recente e contemporânea da Romênia”. Ele afirmou estar “totalmente consciente da responsabilidade” que lhe foi atribuída, e que “muitos desafios” o esperam em um país profundamente dividido e com alto nível de endividamento.
O presidente eleito de 55 anos manifestou gratidão ao povo romeno que compareceu em grande número, afirmando que “isso conferiu legitimidade ao novo presidente”.
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Simion protestou em publicação no Facebook, acusando o Tribunal de promover uma “ameaça”. “Tudo o que podemos fazer é lutar. Convido vocês a se juntarem a mim, hoje e nas próximas semanas”, postou.
Após inicialmente admitir a derrota e felicitar Dan pela vitória, Simion mudou de ideia na última terça-feira. Ele anunciou que contestaria os resultados, alegando interferências externas de atores estatais e não estatais, incluindo a França e a Moldávia, sem, contudo, apresentar evidências.
Contudo, tanto as autoridades eleitorais quanto os observadores independentes afirmaram que a eleição foi justa e bem organizada.
Após liderar no primeiro turno em 4 de maio, Simion perdeu para Dan na segunda rodada das eleições. O candidato centrista, atual prefeito de Bucareste, obteve quase 53,6% dos votos – uma diferença de mais de 829.000 votos – ao passo que o representante de extrema-direita alcançou 46,4%.
Simion lançou uma campanha denunciando o que ele considerou “políticas absurdas” da UE e anunciou a intenção de interromper a assistência à Ucrânia, país que enfrenta a invasão russa em seu território.
Decisão judicial determinou a anulação do pleito anterior.
Cerca de 18 milhões de cidadãos estavam habilitados a votar na eleição presidencial. Os dados oficiais indicam que a participação eleitoral no segundo turno atingiu 64,7%, correspondendo a 11.639.301 eleitores. No primeiro turno, a participação foi de 53%.
A votação na Romênia foi acompanhada de perto no exterior, incluindo Bruxelas e Washington. O país, que é membro da UE e da OTAN, tornou-se um pilar fundamental da aliança militar do Atlântico Norte desde o início da guerra na Ucrânia.
A disputada eleição de domingo ocorreu após meses, desde que o mesmo tribunal anulou o pleito anterior, ocorrido em novembro, quando o candidato de extrema-direita Calin Georgescu venceu o primeiro turno, em meio a acusações de irregularidades eleitorais e interferência russa, que Moscou rejeitou.
A decisão inédita do Tribunal de anular as eleições mergulhou a Romênia em sua pior crise política em décadas.
A União Europeia enfrenta desafios significativos em relação à segurança cibernética, com ameaças crescentes e complexas que exigem uma resposta coordenada e eficaz.
O cargo de presidente na Romênia possui poderes restritos, porém ainda contempla prerrogativas, incluindo a definição da política externa e de segurança. O novo presidente também será responsável por nomear um novo primeiro-ministro.
Na União Europeia, onde a extrema-direita tem apresentado diversos progressos, uma possível vitória de Simion era vista com cautela, por poder fortalecer o campo nacionalista e eurocético do bloco, que inclui figuras como os primeiros-ministros Viktor Orbán, da Hungria, e Robert Fico, da Eslováquia.
O vice-presidente da Romênia, Ilie Bolojan, declarou que “a elevada participação eleitoral e a margem bem definida […] evidenciam a habilidade do nosso país em conduzir eleições livres e justas”.
Agências de notícias francesas, americanas e britânicas.
Fonte: Carta Capital