Trump afirma que conversará com Putin para pôr fim ao “banho de sangue” na Ucrânia
O governo russo declarou, no sábado, que um encontro com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, só será viável se houver um acordo prévio estabelecido entre as partes.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que dialogará por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, com o propósito de cessar as “emoções extremas” na Ucrânia, um dia após as primeiras negociações diretas em Istambul após mais de três anos de conflito.
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O Kremlin declarou, no sábado, que um encontro entre Putin e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, só será possível se ambas as partes concordarem antecipadamente com um acordo.
Trump, que tem insistido para que a Rússia aceite um cessar-fogo incondicional de 30 dias, afirmou que conversará com Putin na segunda-feira. O assessor do Kremlin, Dmitry Peskov, informou à agência estatal TASS que a ligação “está sendo preparada”. O propósito do diáserá “pôr fim ao ‘banho de sangue’”, escreveu Trump em sua rede Truth Social.
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Tammy Bruce, porta-voz do secretário de Estado americano Marco Rubio, declarou que os Estados Unidos desejam alcançar um fim duradouro para a guerra entre Rússia e Ucrânia, durante sua presença em Roma para participar da missa inaugural do Papa Leão XIV.
“O projeto de acordo de paz proposto pelos Estados Unidos representa o melhor rumo a ser tomado”, declarou, confirmando que Rubio e seu colega russo, Serguei Lavrov, dialogaram por telefone neste sábado, e elogiou o acordo de permuta de prisioneiros selado em Istambul.
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A reunião de sexta-feira na cidade turca evidenciou marcantes divergências entre as posições das partes, e a única notícia concreta foi o acordo de troca de prisioneiros, embora a Ucrânia tenha declarado que sua “prioridade” era alcançar um cessar-fogo.
Encontro “possível”.
Em conversa com Rubio, Lavrov “confirmou a disposição de Moscou em prosseguir com a cooperação com seus pares americanos”, declarou o Ministério das Relações Exteriores da Rússia em comunicado.
O Kremlin já havia indicado que um encontro entre Putin e Zelensky é possível, mas sob a condição de acordos prévios entre as partes. A Ucrânia levantou essa possibilidade nas negociações de sexta-feira, e o chefe da delegação afirmou que tomou nota.
Moscou ressaltou que a manutenção das negociações com a Ucrânia dependerá da execução da “troca de prisioneiros na proporção de 1.000 por 1.000”.
Zelensky expressou, no sábado, que a Rússia está desperdiçando a chance de alcançar um cessar-fogo, afirmando que “continuam a oportunidade de continuar matando”.
O presidente ucraniano também reiterou seu pedido para que os parceiros de Kiev intensifiquem as penalidades contra Moscou. “Sem maior pressão sobre a Rússia, não haverá negociações reais”, declarou.
Zelensky anunciou depois ter se reunido pela primeira vez com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, com quem afirmou ter debatido “em detalhes” as “sanções que podem ser eficazes” contra a Rússia.
As próximas sanções contra a Rússia devem ser robustas, enfatizando, sobretudo, o setor de energia.
Um ataque aéreo russo contra um ônibus com passageiros civis em Sumi, norte da Ucrânia, resultou em nove mortos e quatro feridos, de acordo com informações das autoridades locais, no sábado.
Em Kherson, no sul da Ucrânia, foram confirmados dois mortos e 13 feridos em ataques que impactaram um bairro habitacional e um veículo com assistência humanitária. Em Kharkiv, no leste, dois civis faleceram e aproximadamente dez pessoas ficaram feridas nas últimas 24 horas em decorrência de ataques russos.
Manter o contato.
As negociações realizadas na sexta-feira entre Ucrânia e Rússia foram as primeiras diretas entre os dois países em mais de três anos. As últimas desse tipo ocorreram nas semanas seguintes à invasão russa, no final de fevereiro de 2022.
O encontro teve duração de pouco mais de uma hora e meia, resultando em poucas evoluções significativas, ainda que a Rússia tenha manifestado satisfação e reiterado sua vontade de “continuar os contatos” com a Ucrânia.
Um representante diplomático ucraniano, ouvido pela AFP, afirmou que os negociadores russos propuseram exigências inaceitáveis que ultrapassavam o que fora previamente acordado antes da reunião.
Entre as exigências de Moscou, está a retirada das forças de Kiev de “amplas partes do território ucraniano” como condição prévia para o estabelecimento de um cessar-fogo, afirmou a fonte.
Donald Trump, que se destacou como um mediador-chave no conflito, afirmou nesta semana que está disposto a se reunir com Putin, e avaliou que apenas uma cúpula entre os dois pode possibilitar um progresso, uma reunião que o Kremlin considerou “necessária”.
Fonte: Carta Capital