Análise do Projeto de Lei de Donald Trump

Segundo Vinícius Rodrigues Vieira, professor de economia da FAAP e RI da FGV, o “grande e belo projeto de lei” de Donald Trump aparenta ser “uma aposta que ele inevitavelmente perderá”.

O grande projeto orçamentário da gestão republicana enfrenta resistência dentro do próprio partido. Isso ocorre porque a proposta deve aumentar a dívida já trililhão dos Estados Unidos em mais US$ 3 trilhões nos próximos 10 anos.

O motivo por trás do rombo está, sobretudo, no corte de impostos e regimes de isenção fiscal, o que leva o professor de economia e RI a avaliar que “Trump é um populista econômico”.

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Os tributos corporativos, por exemplo, devem ser reduzidos a cerca de 21% do valor atual, segundo a última versão do texto, que está em debate no Senado norte-americano.

Trump busca ganhar tempo para demonstrar que, com a tarifa, é possível aumentar a receita do Tesouro enquanto reduz impostos. Ele deseja sinalizar uma certa responsabilidade fiscal, algo que ele não possui, porque o custo total de US$ 3 trilhões já representa um aumento significativo na dívida nos próximos 10 anos, avalia Vieira.

Para aumentar a poupança diante da significativa perda fiscal causada pelo “Grande e Belo Projeto de Lei”, o presidente dos EUA planeja reduzir ainda mais os gastos do governo, após as ações do Doge (Departamento de Eficiência Governamental), liderado por Elon Musk, que resultaram em demissões de servidores públicos e cortes de recursos para diversos órgãos.

Atualmente, o Medicaid, programa que possibilita que 80 milhões de americanos mais pobres financiem um plano de saúde, está sob consideração no projeto orçamentário.

Vieira considera a estratégia um risco para Trump, já que uma parte significativa de seu eleitorado depende de assistência, especialmente comunidades rurais.

A alternativa que o republicano apresenta para manter o apoio desse eleitorado é endurecer ainda mais a política imigratória, uma pauta que agrada ao partido republicano.

O público mais pobre, contudo, pode se inclinar mais aos Democratas, já que estes tendem a apoiar a manutenção desses recursos, segundo o professor.

Trump não arrisca apenas o orçamento da União, mas também a sua própria estrutura narrativa política que o levou a dois mandatos na Casa Branca, concluiu Vieira.

As tarifas “recíprocas” de Trump não são o que aparentam; entenda.

Fonte por: CNN Brasil