Trump autoriza o governo a prosseguir com o fim do estatuto de proteção temporária para venezuelanos
Decisão da Suprema Corte dos EUA permite a suspensão de ajuda humanitária, expondo venezuelanos a maior risco de deportação.

A Suprema Corte dos Estados Unidos autorizou que o governo do presidente americano, Donald Trump, revogue as proteções de deportação temporária de diversos venezuelanos.
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A maioria dos juízes do tribunal superior decidiu que o governo poderia seguir adiante com os planos de extinguir o Status de Proteção Temporária (TPS).
Essa decisão, na visão de advogados de imigração, pode aumentar a vulnerabilidade de indivíduos à deportação. A decisão do tribunal foi duramente criticada por defensores dos direitos dos imigrantes.
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Ahilan Arulanantham, codiretor do Centro de Direito e Política de Imigração da Faculdade de Direito da UCLA, que representou os venezuelanos envolvidos no caso, descreveu a decisão como “a maior ação isolada de destituição de status imigratório de qualquer grupo de não cidadãos na história moderna dos EUA”.
Contudo, no segundo parágrafo da decisão, o tribunal declarou que não estava examinando se o governo poderia cancelar autorizações de trabalho e outros benefícios do Status de Proteção Temporária (TPS) que já haviam sido concedidos após o governo Biden ampliar o status em janeiro.
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Não ficou evidente o número de indivíduos que puderam ter recebido tais vantagens ou como a determinação se aplicava a eles.
A decisão do tribunal também dificilmente será a etapa final. O caso agora irá para o Tribunal de Apelações do 9º Circuito dos EUA, que revisará as decisões subjacentes tomadas pelo governo Trump para revogar o status do TPS para venezuelanos.
Posição dos advogados envolvidos no caso após a nova ordem.
Existe uma modalidade de assistência humanitária chamada Status de Proteção Temporária para imigrantes venezuelanos. Sete cidadãs protegidas por este TPS e um grupo que representa outros imigrantes contestaram a medida, alegando, em parte, que a decisão foi motivada por hostilidade racial e política.
Ketanji Brown Jackson foi a única juíza a registrar discordância diante da decisão.
Diversos advogados participantes do caso apontaram a ausência de clareza na decisão do tribunal superior, que, de acordo com eles, possibilitaria ao governo Trump realizar a primeira definição sobre sua implementação.
O advogado de direitos humanos Ahilan Arulanantham comentou com os repórteres cerca de uma hora após a ordem ser emitida, classificando-a como “impossível de entender”.
Jessica Bansal, advogada que também atuou no caso em nome dos autores, afirmou que “A Suprema Corte não explicou por que emitiu a ordem”.
Bansal completou dizendo que o caso permanece sob a influência de uma ordem inexplicável de dois parágrafos, com consequências desconhecidas.
No início deste ano, a Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, propôs o encerramento do TPS para mais de 300 mil imigrantes nos EUA, que estão prestes a perder suas proteções a partir de abril. Outros 250 mil imigrantes que chegaram antes de 2023 deverão perder seu status em setembro.
O ponto crucial no processo era se Noem possuía a prerrogativa de revogar a designação do Status de Proteção Temporária antes do seu término.
Decisão do governo Biden sobre o Status de Proteção Legal
O governo Biden concedeu o TPS pela primeira vez para venezuelanos em março de 2021, devido ao aumento da instabilidade no país, e o expandiu em 2023. Duas semanas antes da posse de Trump, o governo Biden renovou as proteções por mais 18 meses. A decisão desta segunda-feira (19) se aplica à designação de 2023.
Os imigrantes venezuelanos protegidos pelo Status de Proteção Temporária argumentaram que a revogação repentina das proteções por Noem infringiu a Lei de Procedimento Administrativo, que demanda processos específicos para agências federais na implementação de alterações de políticas.
Além disso, alegaram que a decisão da Secretária de Segurança Interna dos EUA foi motivada por preconceito racial e político.
Um tribunal distrital federal na Califórnia suspendeu temporariamente a ordem de Noem em meados de março.
O Juiz Distrital dos EUA Edward Chen, nomeado para o tribunal pelo ex-presidente Barack Obama, caracterizou a Venezuela como “um país tão assolado por turbulências econômicas, políticas e perigos”.
Ademais, Chen também afirmou que o Departamento de Estado advertiu contra viagens para o país “devido ao risco elevado de prisões arbitrárias, terrorismo, sequestro, aplicação tendenciosa de leis locais, criminalidade, manifestações civis e infraestrutura de saúde inadequada”.
O Congresso estabeleceu o programa TPS em 1990, possibilitando que o governo federal oferecesse proteção temporária a imigrantes de países que sofriam com desastres naturais, guerras e outras circunstâncias que dificultavam o retorno de seus habitantes.
No término do primeiro governo Trump, órgãos oficiais classificaram a Venezuela como a “pior crise humanitária do Hemisfério Ocidental” e implementaram uma modalidade de assistência temporária a certos imigrantes do país.
Fonte: CNN Brasil