Trump foca na carne argentina para reduzir preços nos EUA em nova declaração

Trump Planeja Comprar Carne Bovina da Argentina

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou sua intenção de adquirir carne bovina da Argentina para ajudar a diminuir os preços da proteína no país. A declaração foi feita no domingo, 19, durante um voo do Air Force One, enquanto se deslocava da Flórida para Washington.

“Compraríamos carne bovina da Argentina. Se fizermos isso, os preços da nossa carne cairão”, afirmou o republicano. Atualmente, os EUA já importam carne da Argentina, tendo adquirido 25 mil toneladas entre janeiro e agosto de 2025, o que representa um aumento de 5,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Aumento dos Preços da Carne nos EUA

Esta é a segunda vez em menos de uma semana que Trump menciona ações para reduzir os preços da carne bovina. Entre janeiro e julho, o preço da carne moída, um dos cortes mais populares para hambúrgueres, subiu 15,3%, alcançando US$ 6,34 a libra (aproximadamente R$ 75/kg). Nos últimos dois anos, os preços da carne moída aumentaram 23%, conforme dados do Bureau of Labor Statistics (BLS).

Leia também:

Dólar cai pela quarta vez consecutiva e encerra a R$ 5,37 com expectativa de acordo EUA-China

Trump critica embaixador australiano Kevin Rudd após ofensas sobre sua presidência

Trump acredita que Ucrânia pode vencer guerra, mas vê resultado improvável

O aumento nos preços da carne bovina nos EUA é atribuído a diversos fatores, incluindo condições climáticas adversas, diminuição do rebanho e a tarifa de 50% imposta por Trump sobre produtos brasileiros, que são os principais fornecedores de carne para os EUA.

Impacto da Redução do Rebanho

Desde 2019, o número de gado de corte nos EUA caiu para 27,9 milhões, uma redução de 13%, o menor nível desde 1952, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). O último levantamento do USDA prevê uma produção de 25,9 bilhões de libras de carne bovina em 2025, 4% abaixo da estimativa anterior.

A escassez de gado, combinada com a seca que afetou o oeste do país, elevou os custos para os pecuaristas, que tiveram que comprar mais ração e reduzir seus efetivos. Em maio, os EUA suspenderam as importações de gado mexicano para conter a disseminação da praga New World Screwworm (NWS).

Concorrência com o Brasil

A sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo carne bovina, fez com que os EUA caíssem para a quarta posição como importador da carne brasileira em setembro, com 9,9 mil toneladas. No entanto, no acumulado de janeiro a setembro, os EUA continuam sendo o segundo maior destino das exportações brasileiras, com 219 mil toneladas, um aumento de 65% em relação ao mesmo período de 2024.

Apesar da intenção de Trump de comprar carne da Argentina, Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, destaca que o Brasil permanece como o fornecedor mais competitivo. “Não há produtor rural mais competitivo do que o Brasil. Nosso custo de produção é menor e os preços são relativamente baixos”, afirma.

Reação dos Agricultores Americanos

A sinalização de Trump em relação à Argentina gerou reações negativas entre os agricultores americanos. Eles argumentam que o presidente deveria focar em medidas que apoiem o setor local, especialmente em um momento em que as vendas de soja, milho e sorgo para a China estão paralisadas devido à guerra comercial.

Caleb Ragland, presidente da Associação Americana de Soja, expressou a frustração dos agricultores: “Os preços da soja nos EUA estão caindo, a colheita está em andamento e os agricultores leem manchetes não sobre um acordo comercial com a China, mas sobre a concessão de US$ 20 bilhões em apoio econômico à Argentina”.

Além dos produtores, deputados americanos também criticam a gestão de Trump em relação ao setor agropecuário. Chuck Grassley, senador de Iowa, enfatizou que os agricultores familiares devem ser a prioridade nas negociações com outros países.

“Por que os EUA ajudariam a socorrer a Argentina enquanto tomam o maior mercado dos produtores de soja americanos?”, questionou Grassley.