Trump propõe tarifa sobre filmes produzidos fora dos EUA e choca Hollywood

Líderes da indústria cinematográfica expressam dúvidas sobre a viabilidade e a legalidade da proposta, com ações de empresas de entretenimento em queda após o anúncio do presidente.

05/05/2025 21h05

4 min de leitura

Imagem PreCarregada
(Imagem de reprodução da internet).

Diretores e investidores de Hollywood demonstram surpresa com a declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que propõe uma taxa de 100% sobre filmes fabricados fora dos EUA.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Vários executivos de estúdios de cinema e da indústria do streaming, que conversaram com a CNN, expressaram total indignação, considerando que o presidente não ponderou as consequências de sua proposta, que poderia afetar gravemente uma indústria que é um símbolo global.

Outras fontes apresentam uma perspectiva mais aberta, sustentando que Trump está promovendo um debate sobre uma questão concreta – a denominada “produção fuga”.

LEIA TAMBÉM:

“Inicialmente, seria chocante e representaria uma interrupção praticamente completa da produção”, comentou um insider da indústria. “No entanto, na realidade, ele não tem jurisdição para fazer isso e é muito complexo para aplicar.”

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

As ações da Netflix e de outras grandes empresas de entretenimento recuaram nesta segunda-feira (5) em meio à incerteza gerada pelos comentários do republicano.

A declaração da noite passada do Presidente Trump na plataforma Truth Social surpreendeu e deixou profissionais de Hollywood perplexos, afirmou Rich Greenfield, sócio da Lightshed Ventures, em comunicado.

Algumas fontes da indústria que conversaram com a CNN questionam se algum plano tarifário desse tipo será efetivamente implementado.

Filmes são uma forma de serviço, e não de bens, sendo, protegidos como propriedade intelectual. Não se sabe como funcionariam as taxas propostas sobre filmes estrangeiros.

A declaração de Trump de que a produção cinematográfica estrangeira representa uma “ameaça à segurança nacional” poderá enfrentar questionamentos legais.

Contudo, os líderes da indústria do entretenimento estão considerando a proposta tarifária. Vários executivos entraram em contato com o Secretário de Comércio Howard Lutnick sobre o assunto, segundo duas fontes próximas às discussões.

Lutnick respondeu à solicitação de Trump no X no domingo à noite, afirmando: “Estamos cuidando disso”.

A publicação de Trump nas redes sociais pode ter sido apenas uma primeira ação.

forma clara

Na segunda-feira, um porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, afirmou que “embora nenhuma decisão final sobre tarifas de filmes estrangeiros tenha sido tomada, a Administração está explorando todas as opções para cumprir a diretiva do Presidente Trump de salvaguardar a segurança nacional e econômica do nosso país enquanto faz Hollywood grande novamente”.

A menção da Casa Branca a “todas as opções” pode amenizar tensões, considerando que lobistas de Hollywood têm defendido incentivos, incluindo benefícios fiscais federais para filmes, em vez de sanções, como uma taxa, há algum tempo.

A produção de filmes e televisão, antes concentrada em Hollywood e região, tem se deslocado para outros estados americanos e para diversos países, em razão de benefícios fiscais e considerações financeiras.

Uma vasta gama de filmes, incluindo produções independentes de baixo orçamento e blockbusters de estúdios, está sendo produzida atualmente em países como Reino Unido, França, Alemanha e Hungria, conforme observado pela revista especializada Variety na segunda-feira, que transmitiu o “choque e a descrença em toda a indústria cinematográfica europeia”.

Trump apresentou a ideia como algo simples ao conversar com jornalistas na Casa Branca no domingo à noite.

Ele afirmou que “outras nações roubaram os filmes, as capacidades de fazer filmes, dos Estados Unidos”, aparentemente referindo-se ao aumento de produções cinematográficas em outros países, como o Canadá.

“Precisamos de uma taxa sobre os filmes que são produzidos, possivelmente aqueles financiados e distribuídos por empresas americanas, porém filmados em outros países.”

A Motion Picture Association of America (MPA), organização que representa os principais estúdios dos EUA, não se manifestou sobre o anúncio de Trump. Contudo, a MPA divulgou em 2023 um relatório indicando que a indústria cinematográfica dos EUA apresenta um superávit comercial de US$ 15,3 bilhões proveniente dos mercados estrangeiros, o que corresponde a três vezes o valor dos filmes importados.

Não ficou claro se a MPA considerou filmes domésticos produzidos no exterior.

As questões sobre as tarifas de Trump para filmes são complexas. Serão taxados filmes produzidos por empresas americanas, mas ambientados em outros países — por exemplo, um drama histórico da Segunda Guerra Mundial — por filmarem nos locais onde se passam? E quanto aos filmes que são produzidos parcialmente nos Estados Unidos e parcialmente em outros lugares?

Alguns executivos do setor questionaram se a proposta de Trump visava retaliar contra o Canadá, local de produção de filmes com incentivos fiscais. Uma fonte adicionou, em referência à Hollywood de tendência progressista: “Ele está nos desafiando porque não o apoiamos?”

Um executivo questionou se Trump possuía conhecimento real sobre o funcionamento da produção contemporânea de televisão e cinema: “Alguém já lhe disse o que isso fará com James Bond, Harry Potter, Dune? Onde devemos filmar Emily in Paris?”

68% dos trabalhadores estão insatisfeitos com o salário, aponta Serasa

Fonte: CNN Brasil

Ative nossas Notificações

Ative nossas Notificações

Fique por dentro das últimas notícias em tempo real!

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.