Trump provoca o presidente da África do Sul com acusações de “genocídio branco”

A cena recordou o episódio em que o republicano e seu vice-presidente, J.D. Vance, ridicularizaram o ucraniano Volodymyr Zelensky.

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(Imagem de reprodução da internet).

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu o colega sul-africano, Cyril Ramaphosa, ao apresentar um vídeo que, segundo o republicano, confirma acusações de genocídio contra brancos na África do Sul.

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Na Sala Oval da Casa Branca, durante um encontro oficial, Trump ordenou o desligamento das luzes para a exibição de um vídeo em uma tela, alegando que mostrava a fala de sul-africanos negros sobre um genocídio.

No vídeo, o legislador sul-africano da oposição, Julius Malema, líder do partido de extrema-esquerda Combatentes da Liberdade Econômica (EFF), é visto cantando “Kill the Boer, kill the farmer” (traduzido como “Mate o colonizador, mate o fazendeiro”), uma música que remonta à luta contra o domínio da minoria branca durante o apartheid.

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O vídeo finalizou-se com imagens de um protesto na África do Sul, onde cruzes brancas foram erguidas em uma estrada rural em memória de fazendeiros assassinados, embora Trump tenha afirmado incorretamente que exibiam suas sepulturas.

“Você permite que eles ocupem terras e, quando ocupam as terras, matam o fazendeiro branco, e quando matam o fazendeiro branco, nada acontece com eles”, declarou Trump, que também exibiu a Ramaphosa cópias de notícias que, segundo ele, corroborariam sua alegação.

O presidente sul-africano desmentiu que seu país está confiscando terras de fazendeiros brancos, em face da lei de expropriação aprovada em janeiro, com o objetivo de reparar as desigualdades históricas decorrentes do domínio da minoria branca.

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“Não, não, não”, declarou Ramaphosa. “Ninguém pode tomar terras”.

A mídia estava presente e Ramaphosa sequer pôde se pronunciar durante a exibição das imagens, até que em determinado momento solicitou que “discutissem o tema com muita tranquilidade”.

Nelson Mandela nos mostrou que, em situações de dificuldade, é fundamental que as pessoas se reúnam e dialoguem. É exatamente sobre isso que também se busca tratar, declarou.

Ramaphosa recordou que, em seu país, a população negra é a principal vítima da criminalidade.

A cena recordou o episódio de fevereiro em que Trump e seu vice-presidente, J.D. Vance, ridicularizaram o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.

A chegada do presidente sul-africano representava uma chance de suavizar as relações diplomáticas, após Trump e seu assessor sul-africano, o bilionário Elon Musk, que também estava presente na Sala Oval, terem criticado a acusação de genocídio sem apresentar provas.

O presidente Ramaphosa afirmou que o objetivo da reunião era reestabelecer o relacionamento entre os Estados Unidos e a África do Sul, acompanhado por Ernie Els, Retief Goosen, dois golfistas sul-africanos famosos, e Johann Rupert, o homem mais rico do país.

Trump atribuiu status de refugiado a 49 sul-africanos brancos, descendentes de colonos europeus, que afirmavam sofrer perseguição na África do Sul, mesmo com a implementação de uma política restritiva de imigração nos Estados Unidos e a contenção de pedidos de asilo.

Elon Musk, proprietário da Tesla, da plataforma X e da SpaceX, acusou Pretória de promover leis “abertamente racistas”, em referência às políticas pós-apartheid para empoderar a população negra e interpretadas pelo bilionário como um obstáculo para a concessão de licenças para a Starlink, outra de suas empresas.

Os brancos detêm a maior parte das terras na África do Sul, embora constituam apenas 7,3% da população do país.

Fonte: Carta Capital

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