O Salão Nobre da reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) estava cheio nesta quarta-feira (6), na data do início da taxação de 50% sobre produtos brasileiros, decretada pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump. Em resposta à chamada “tarifa”, professores, estudantes, trabalhadores técnico-administrativos, parlamentares, representantes do governo do estado, órgãos públicos e da sociedade civil se reuniram em um ato em defesa da soberania nacional, organizado pela reitoria da instituição.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Na unidade, os participantes rejeitaram a posição do líder estadunidense, assim como a de seus apoiadores no Brasil, e destacaram que a democracia brasileira não se curvará às ameaças imperialistas e bolsonaristas. “Aos que se acham donos do mundo, nós dizemos: não passarão. Não passarão porque ainda estamos aqui, e daqui não arredacemos o pé. Temos, além da consciência política, um ordenamento jurídico robusto na defesa da soberania”, ressaltou Paulo Miguez, reitor da UFBA.
Miguez também denunciou o genocídio sofrido pelo povo da Palestina e ressaltou que soberania e solidariedade caminham juntas. “Um país soberano é um país que sabe ser solidário com seus povos e com os demais. Defender a soberania brasileira é também defender a soberania de qualquer povo. Viva a Palestina livre”, declarou o reitor.
LEIA TAMBÉM!
As lideranças da Marcha das Mulheres Indígenas defendem que elas próprias devem se manifestar sobre as políticas públicas
Reportagens sobre mulheres negras são oferecidas por meio de microbolsas da BdF e da Fundação Rosa Luxemburgo
Margarida Alves, líder sindical e agricultora, atingiria 92 anos na terça-feira (5)
Além de Miguez e do vice-reitor, Penildon Silva Filho, participaram da mesa Osny Guimarães, coordenador-geral do Diretório Central dos Estudantes da UFBA; Renato Jorge, coordenador-geral do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos das Universidades Públicas Federais da Bahia (Assufba); e Raquel Nery, presidenta do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (Apub).
Em proteção do Brasil e dos brasileiros.
Quase um mês após ser anunciado pelo presidente Donald Trump, entrou em vigor a tarifação dos Estados Unidos sobre as exportações de produtos brasileiros para o mercado estadunidense. A partir desta quarta-feira, empresas dos EUA que comprarem produtos brasileiros verão uma taxa de 50% sobre eles recolhida ao governo, com exceção dos 694 tipos de produtos que não foram incluídos na lista definida pela Casa Branca. Para Renato Jorge, da Assufba, a decisão de Trump é mais do que uma questão econômica, é institucional.
É possível observar de maneira evidente a transformação do cenário, o comportamento presunçoso de um chefe de Estado que trouxe à tona algo já conhecido, porém que demonstra o fortalecimento das problemáticas.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Raquel Nery, da Apub, destacou várias conquistas recentes do Brasil, e indicou que o momento crítico pelo qual o país atravessa também é uma oportunidade de redescoberta do Brasil por parte de seu próprio povo.
Nossa soberania não será completa se não assumirmos adequadamente o que possuímos e somos, se não incorporarmos a isso novas dimensões de significados práticos. Tecnologias, incluindo as sociais, que valorizem nossos recursos naturais e culturais, reconhecendo nosso povo em suas manifestações originais, são apontadas.
No encerramento do evento, o reitor Paulo Miguez também leu a Carta em Defesa da Soberania Nacional, manifesto coletivo com mais de 19 mil assinaturas e assinado por diversas entidades. O documento, disponível para assinatura online, defende a unidade da população em favor do Estado Democrático de Direito.
Brasileiros e brasileiras, o diálogo e a negociação são normais nas relações diplomáticas, não a violência e o arbítrio. Nossa soberania é inegociável. Quando a nação é atacada, devemos deixar nossas eventuais diferenças políticas para defender nosso maior patrimônio. Submeter-se a essa coação externa significaria abrir mão de nossa própria soberania, pressuposto do Estado Democrático de Direito, e renunciar ao nosso projeto de nação.
Fonte por: Brasil de Fato