Unidade militar acusada de tortura teve armas roubadas por militares
A unidade do Arsenal de Guerra de São Paulo do Exército Brasileiro, em Barueri, informou ter sido vítima de tortura.

São Paulo — O quartel denunciado por um soldado de 19 anos por tortura teve 21 armas furtadas por militares em setembro de 2023. Civis também participaram da ação, que ocorreu no Arsenal de Guerra de São Paulo do Exército Brasileiro, em Barueri, na Grande São Paulo. O desvio do armamento foi revelado pelo Metrópoles.
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Roubo de metralhadoras
Jovem soldado de 19 anos relata ter sido vítima de tortura em instalação militar.
Valdir De Oliveira Franco Filho, de 19 anos, apresentou boletim de ocorrência denunciando as agressões que alega ter sofrido nas dependências do Arsenal de Guerra. Segundo o relato do jovem, que foi abordado pela polícia, ele foi torturado em 11 de março após informar a perda da fivela do fardamento.
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O militar foi conduzido a um cômodo sem luz e sem a presença de testemunhas ou câmeras de vigilância. No local, foi obrigado a realizar flexões, além de receber socos com um sapato no peito, sendo questionado de forma rude sobre o valor de uma fivela, conforme o Boletim de Ocorrência.
Retomou o treino físico no mesmo dia, notando sangue na boca. Contudo, foi instruído a prosseguir com o exercício, o que causou-lhe fortes dores de cabeça. À noite, foi trancado no quarto.
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No dia seguinte, ele retomou atividades físicas intensas, o que intensificou suas dores. Com os sintomas, Valdir foi levado ao Hospital do Serviço de Assistência Médica de Barueri (Sameb) sem que seus familiares fossem informados.
Após retornar ao quartel, foi obrigado a jantar em três minutos, o que causou o vômito da refeição e, em seguida, sangue “em excesso”. Valdir foi novamente encaminhado ao Hospital Sameb e recebeu a indicação de tirar três dias de repouso. O Exército não teria aceitado a recomendação médica.
O soldado foi encaminhado ao Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP), no bairro do Cambuci, em São Paulo. “Todos os exames foram realizados e ele não apresenta doenças preexistentes, o que indica doenças decorrentes de agressões e maus-tratos”, conclui o boletim de ocorrência, que registrou o caso como maus-tratos no 1º Distrito Policial (DP) de Barueri.
Em decorrência das agressões, Valdir perdeu o movimento nas pernas, conforme relatado. Ele afirma não conseguir mais andar e que continua vomitando sangue, mesmo um mês e meio após a tortura.
O jovem poderá recuperar o movimento das pernas se receber o tratamento adequado, conforme o que ele espera dos médicos do Exército. “Eles [superiores do Exército] falaram que os médicos iriam aparecer aqui para começar o tratamento e até agora nada. Informaram que ainda esta semana o médico ia aparecer”, declarou o soldado.
A nota indica que, após a constatação de que o militar não se encontrava em condições de saúde adequadas, o Exército Brasileiro tem fornecido a ele a assistência médica necessária.
O Arsenal de Guerra de São Paulo instaurou uma sindicância para apurar os fatos. Até o momento, não há qualquer indício de ocorrência de crime no interior daquela Organização Militar, disse o órgão.
Fonte: Metrópoles