Uruguai homenageia Pepe Mujica com desfile em Montevidéu
Antigo presidente, falecido aos 89 anos, é homenageado em cortejo fúnebre pelas ruas da capital uruguaia, percorrendo locais relevantes de sua trajetória política.

O Uruguai homenageia José Pepe Mujica em um cortejo fúnebre pelas ruas de Montevidéu. O ex-presidente, que faleceu na terça-feira (13) aos 89 anos, recebe as últimas homenagens da população em um percurso que inclui locais importantes de sua vida e carreira.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
A comitiva iniciou-se na sede da presidência uruguaia, onde o presidente Luis Lacalle Pou depositou a bandeira nacional sobre o caixão de Mujica, em um gesto solene e emocionante.
A comitiva segue um itinerário bem definido, contemplando pontos marcantes que ilustram a trajetória do político.
LEIA TAMBÉM:
● Professora explica a relevância do legado de Pepe Mujica para a América Latina
● Líder de direita em Portugal desmaia durante discurso; assista ao momento
● Governo Milei restringe critérios de imigração; brasileiros serão impactados
Marcos do percurso
Entre os pontos de interesse do percurso, encontra-se a sede do Movimento de Liberação Nacional – Tupamaros, organização guerrilheira da qual Mujica fez parte em sua juventude.
A comitiva segue até a sede do Movimento de Participação Popular, partido político fundado por Mujica após a redemocratização do país, e até a sede da Frente Ampla, coalizão de esquerda que o levou ao poder.
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Cidadãos emocionados se reúnem para prestar suas homenagens.
Bandeiras do movimento LGBT estavam presentes, evocando o papel de Mujica na legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo no Uruguai.
O cortejo se dirigirá à sede do Legislativo uruguaio, onde ocorrerá um velório aberto ao público.
Antecipa-se a participação de chefes de Estado e líderes políticos internacionais para prestar homenagem a este ícone da política latino-americana e da esquerda global.
Recorde a trajetória do ex-presidente do Uruguai.
Em abril, ele anunciou em coletiva de imprensa o diagnóstico de tumor no esôfago durante um exame de rotina, além de já sofrer com uma doença auto-imune que impactava seus rins.
O líder do principal grupo guerrilheiro do Uruguai esteve preso por mais de uma década, sofreu tortura durante a ditadura e, posteriormente, ascendeu ao poder após décadas.
Mujica se tornou um dos presidentes mais apreciados internacionalmente e atraiu a atenção do mundo para o Uruguai, o segundo país menor da América do Sul.
Sua postura descomplicada, com vestuário simples, criticada como desleixada inclusive durante a presidência, aliada à defesa de uma existência menos consumista e às iniciativas progressistas que apoiou, como a legalização do aborto, da maconha e do casamento entre pessoas do mesmo sexo, lhe garantiu fama e admiração globalmente, e o colocou como uma das principais referências da esquerda latino-americana.
Mujica nasceu em 1935, em Montevidéu, onde residiu durante toda a sua vida. Iniciou sua trajetória política no Partido Nacional, um dos mais antigos do Uruguai, exercendo o cargo de secretário-geral da Juventude.
Na década de 1960, foi um dos fundadores do Movimento de Liberação Nacional – Tupamaros, a guerrilha mais conhecida do país. O grupo financiava suas ações por meio de assaltos e sequestros, incluindo o do então cônsul brasileiro em Montevidéu, Aloysio Dias Gomide. Também realizou ataques contra autoridades e colaboradores da ditadura uruguaia (1973-1985).
Com a redemocratização, fundou o Movimento de Participação Popular (MPP), sigla que integrou a Frente Ampla, a única coalizão de esquerda do país. Em 1994, Mujica foi eleito deputado por Montevidéu, e em 1999, senador. Em 2004, reeleito, tornou-se o senador mais votado da história do país.
Nos últimos comícios, aos 75 anos, Mujica derrotou o ex-presidente Luis Alberto Lacalle Herrera, com 52,59% dos votos no segundo turno. Diferentemente de seu antecessor, que vetou a lei de descriminalização do aborto aprovada pelas duas casas do legislativo em 2008, Mujica defendeu, durante a campanha, a laicidade do Estado e afirmou que não se oporia à lei se a interrupção voluntária da gestação fosse votada novamente.
Fonte: CNN Brasil