Veneno, ritual e mutilação: violência contra gatos aumenta 200% no Distrito Federal

Recentes dados indicam um aumento significativo nos casos de maus-tratos a animais no Distrito Federal, notadamente envolvendo gatos.

29/04/2025 2h09

5 min de leitura

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(Imagem de reprodução da internet).

Os casos recentes de envenenamento, mutilação e arremesso de gatos na capital do Distrito Federal indicam uma onda de crimes contra animais, principalmente felinos. Nos últimos cinco anos, houve um aumento superior a 200% nos registros de maus-tratos a gatos e de 130% em casos de violência contra animais em geral, conforme dados da Polícia Civil (PCDF).

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Dados do Metrópoles indicam que, em 2020, o Distrito Federal teve 55 registros de crimes envolvendo gatos. Em 2024, o número saltou para 169, representando um aumento de 207%.

A confirmação de que os crimes contra gatos têm aumentado de forma expressiva, visto que os dados de 2025 já se aproximam da totalidade dos registros de 2020. Entre janeiro e 14 de abril deste ano, a PCDF já contabilizou 50 ocorrências.

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Os números correspondem à Polícia Civil do DF, obtidos mediante solicitação do Metrópoles. Os dados englobam as duas tipificações possíveis em casos dessa natureza: crueldade contra animais e maus-tratos a animais.

Consulte em detalhes o gráfico abaixo.

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O gráfico também demonstra o incremento nos crimes cometidos contra animais de diversas espécies. O aumento de 324 ocorrências em 2020 para 748 em 2024 representa um crescimento de 130% nesse período.

Observa-se que os casos apresentaram aumento anual. Destaca-se a diferença entre 2023 e 2024: 548 ocorrências contra animais em 2023 e 748 em 2024, representando um acréscimo de 200 casos nesse período.

O índice de crimes que envolvem gatos em relação aos casos contra outras espécies também apresenta um aumento. Em 2020, os maus-tratos a felinos representavam 17% do total, elevando-se para 23% em 2024 e atingindo 25% em 2025.

Veja abaixo:

Mutilação, arremesso e ritual contra os rebeldes.

Em março, o DF presenciou uma série de casos de extrema violência contra gatos. Os incidentes incluíram animais com patas mutiladas, felinos atingidos contra a parede e o arremesso de um bichano pela janela.

A denúncia desempenha um papel crucial na promoção da justiça e na proteção de direitos.

O incremento de ocorrências no Distrito Federal está relacionado à maior disposição da população em relatar esses crimes. Essa é a visão do delegado-chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Animais (DRCA), Jonas Silva, em relação a esse cenário de elevado número de registros.

Os casos de maus-tratos a animais sempre existiram em grande número no Distrito Federal. O que mudou foi a criação da DRCA/PCDF, em 2023, e a intensificação das ações de fiscalização, aliadas à ampla divulgação na mídia.

Isso elevou consideravelmente a confiança da população na atuação policial, incentivando mais indivíduos a reportarem essas práticas criminosas. o aumento de registros reflete, principalmente, uma conscientização social e uma maior disposição da sociedade em não tolerar o sofrimento animal, afirma Jonas.

Para o delegado, gatos ainda são “vítimas de muitos preconceitos”, o que pode ter inflado os casos de tortura contra os bichos nos últimos anos. “Há uma visão equivocada de que gatos são traiçoeiros, sujos ou transmissores de doenças, o que é totalmente infundado”, analisa.

Gatos são animais extremamente limpos, carinhosos e leais aos seus tutores. Eu mesmo tenho quatro gatos adotados, e posso afirmar que são seres maravilhosos.

Jónatas lamenta os casos recentes no DF. “Em março deste ano, um fato me marcou profundamente. Prendemos, em flagrante, um homem que havia matado filhotes de gato no Gama de forma brutal”, relembra o delegado, referindo-se ao caso do psicóPablo Stuart, citado anteriormente. “Um ato de extrema crueldade, que demonstra o quanto o preconceito e a desinformação ainda colocam vidas inocentes em risco”, conclui.

Punição máxima.

A cuidadora de gatos Juliana Campos, 47 anos, ressalta a relevância da aplicação da sanção ao projeto de lei que, em 2020, previu pena de dois a cinco anos de reclusão para quem comete atos de abuso ou maus-tratos, infligir lesões ou mutilações a cães ou gatos. Juliana avalia que a pena estabelecida é insuficiente, mesmo podendo ser elevada de um sexto a um terço em casos de morte do animal.

“Essa pena precisa ser ampliada”, opina a cuidadora. “Teria de ser ainda mais severa em razão da gravidade e da quantidade de animais”, sugere Juliana Campos.

Além de branda, a cuidadora, que trabalha com animais há mais de seis anos, acredita que outros bichos deveriam ser incluídos na lei. “Gostaria muito que essa pena se estendesse a outras espécies, como animais selvagens e silvestres.”

O aumento da punição para quem comete esse tipo de crime poderia desestimular novos delitos, acredita a cuidadora. Até porque, em alguns casos, a pena pode ser revertida em serviços sociais, por exemplo. A sensação de impunidade tende a incentivar maus-tratos contra animais.

Critérios na hora de adotar

Quanto aos critérios de adoção de um animal de estimação, Juliana menciona algumas medidas utilizadas por ela e outras responsáveis na entrega de um bichinho a alguém.

Quando a adoção é presencial, geralmente em feiras de adoção, realizamos uma entrevista presencial, solicitamos imagens da casa onde o animal vai ficar e comprovação de renda, para verificar se o adotante pode custear despesas básicas mensais e levar o bichinho ao veterinário ao menos uma vez por ano, afirma Juliana. Quando o processo é feito online, enviamos um formulário prévio e depois marcamos um encontro.

É fundamental monitorar a adaptação de um animal por pelo menos seis meses. Tenho situações em que auxilhei em adoções há quatro anos e continuo em contato com os tutores.

Juliana declara que empregará o Sistema do Cadastro Nacional de Animais Domésticos (SinPatinhas), desenvolvido pelo Governo Federal em 17, que disponibiliza o registro de cães e gatos gratuitamente, visando unificar informações sobre animais domésticos no Brasil.

Com o SinPatinhas, um dos critérios para adoção será que o adotante possua cadastro no gov.br e que a transferência da tutela do animal seja imediata. Caso a pessoa não aceite realizar o cadastro, a doação será cancelada pela cuidadora.

Fonte: Metrópoles

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