Vereadora do Novo é acusada de racismo
A vereadora Luana Alves (PSol) solicitou à Corregedoria da Câmara Municipal a análise da fala de Cris Monteiro (Novo) em plenário, sob a suspeita de racismo.

A vereadora Luana Alves (PSol) apresentou representação à Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo contra a vereadora Cris Monteiro (Novo), que, em sessão na terça-feira (29/4), declarou que “uma mulher branca, bonita e rica incomoda”. A psolista acusa a vereadora do Novo de racismo. Antes da fala, direcionada a sindicalistas na galeria do plenário, Cris solicitou que Luana permanecesse em silêncio.
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A vereadora do Novo sustentava a proposta do prefeito Ricardo Nunes (MDB) de reajuste dos servidores municipais, confrontando-se verbalmente com alguns sindicalistas e a vereadora Luana Alves (PSol), que é negra.
“Luana, estou falando. Quando você falou, não abri a boca. Escutei todos vocês calados. Agora, quando vem uma mulher branca aqui falar a verdade para vocês, vocês ficam todos nervosos. Porque uma mulher branca, bonita e rica incomoda muito vocês. Mas estou aqui representando uma parte importante da população, que me elegeu. Eu faço o que é certo. Não vou defender essas pessoas que deixam crianças na sala de aula, fazendo greve”, afirmou Cris.
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Luana Alves declara que a declaração da vereadora deve ser entendida à luz do racismo estrutural, solicitando uma sanção ao mandato e que sejam adotadas as medidas cabíveis para apurar o ocorrido.
Ao enfatizar a cor branca, a beleza e a riqueza como sinais de superioridade e fonte de irritação em relação às palavras de uma vereadora negra, a parlamentar manifesta uma estrutura de poder racializada, que reforça estereótipos discriminatórios e hierarquias raciais, incitando a desvalorização do lugar de fala da mulher negra no espaço público, afirma o documento.
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O presidente da Câmara, Ricardo Teixeira (União), declarou que a Corregedoria irá examinar o caso, em vídeo publicado nas redes sociais na terça-feira.
Discussão acalorada em sessão plenária.
Após a fala de Cris Monteiro, sob solicitação de vereadores da oposição, Ricardo Teixeira interrompeu a sessão. Simultaneamente, manifestantes na galeria proferiram gritos de “racista” em direção à vereadora.
Após a retomada da sessão, a vereadora do Novo foi ao microfone para se desculpar.
A vereadora declarou: “Lamento profundamente se alguém se sentiu ofendido com a minha fala. Espero que com essas palavras, neste momento, as pessoas que se sentiram ofendidas, não foi minha intenção absolutamente ofender ninguém.”
Teixeira também se manifestou, afirmando não ter considerado racismo. “Vimos e revimos a cena. E na nossa opinião não houve racismo. Conversei com a Cris e evidente que a Corregedoria analisará o fato. No calor que estamos aqui, peço que a gente retome os trabalhos. Eu, presidente, não vou permitir nunca racismo nessa casa”, disse o presidente.
Luana Alves contestou as declarações de Teixeira, alegando que as palavras da vereadora do Novo possuíam caráter racista.
Os vereadores realizaram, na terça-feira (29/4), em segundo turno, a votação do reajuste anual para os servidores municipais. A sessão foi acompanhada por discussões acaloradas entre parlamentares da base e da oposição. Manifestantes se concentraram em frente à Câmara Municipal, protestando contra a proposta de aumento salarial apresentada pela Prefeitura, que contempla incrementos de 2,6% em maio deste ano e 2,55% em maio de 2026.
Fonte: Metrópoles