O secretário de Segurança do Estado, Victor Santos, apresentou uma nova perspectiva no enfrentamento ao crime organizado nas favelas durante uma entrevista ao programa 3 em 1 da Jovem Pan. A principal mudança reside na distinção entre “ocupação” e “retomada”, argumentando que a abordagem anterior, centrada unicamente na Polícia Militar, não era eficaz.
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Ele enfatizou que a “retomada” – que envolve a integração entre os níveis municipal, estadual e federal – é um passo crucial, e que essa estratégia já foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Favelas e a Necessidade de Integração
Santos ressaltou que 22% da população do Rio de Janeiro reside em favelas, uma porcentagem significativamente superior à média nacional de 8,1%. Essa realidade torna inviável uma estratégia baseada apenas no uso da força policial. Ele defendeu que o Estado deve se envolver com as comunidades, considerando suas necessidades específicas.
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Segundo ele, o principal desejo da população que vive em favelas é ter acesso à moradia, e a primeira etapa da “retomada” deve ser a regularização fundiária, garantindo títulos de propriedade.
Atualização Legislativa e Estratégias de Combate
O secretário também defendeu a necessidade de atualizar as leis brasileiras para acompanhar a evolução das organizações criminosas. Ele criticou a legislação antiterrorismo de 2016, argumentando que não aborda adequadamente motivações contemporâneas, como as praticadas pelas milícias. Santos enfatizou que a segurança pública deve ser vista como defesa e soberania nacional, e que o Estado não pode simplesmente impor projetos às comunidades, mas sim ouvir suas demandas.
Foco na Estrutura Financeira do Crime
A nova estratégia do governo fluminense visa atacar a estrutura financeira das organizações criminosas, em vez de apenas prender líderes. Santos explicou que o Rio de Janeiro passou a analisar a criminalidade sob a perspectiva do “negócio”, buscando desarticular fontes de lucro, como o controle de serviços essenciais nas favelas, como internet e gás.
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Ele citou os bairros do Alemão e da Penha como exemplos, onde o controle desses serviços gera milhões de reais em receita para o crime organizado.
Operações Policiais e Minimização de Riscos
Em relação à operação recente nas comunidades do Alemão e da Penha, o secretário destacou que o foco principal foi o cumprimento de mandados de busca e apreensão, com ênfase na coleta de dados digitais e financeiros. A operação resultou em quatro feridos, com lesões leves, e buscou minimizar os riscos para os moradores. A coleta de dados, incluindo mídias, sinais de Wi-Fi e informações em nuvem, é considerada crucial para desmantelar as operações criminosas.
Críticas à Relação entre Poder Público e Jogo do Bicho
Victor Santos também criticou a relação entre o poder público e o jogo do bicho, apontando o carnaval como um exemplo. Ele observou que, durante o período festivo, autoridades e bicheiros frequentemente se encontram, como se fosse uma celebração cultural.
O secretário ressaltou que o Rio de Janeiro enfrenta uma crise moral e que não se pode permitir que escolas de samba homenageiem criminosos.
