Você conhece os ortobiológicos? Compreenda seu papel no tratamento de lesões

Substâncias voltadas para a regeneração dos tecidos, como o ácido hialurônico, têm o potencial de retardar ou impedir a necessidade de cirurgias.

17/06/2025 5h49

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(Imagem de reprodução da internet).

Trata-se de abordar dores articulares e lesões musculoesqueléticas utilizando substâncias provenientes do próprio organismo para promover a regeneração dos tecidos. Essa é a proposta dos tratamentos ortobiológicos, uma abordagem cada vez mais empregada na medicina esportiva, ortopedia e outras especialidades clínicas.

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Diferentemente das terapias convencionais, que frequentemente apenas amenizam os sintomas ou substituem componentes mecânicos danificados, os ortobiológicos concentram-se na regeneração tecidual e na modulação da inflamação.

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Compreenda como operam os principais aplicativos dos ortobiológicos, para quais situações são indicados e como estão sendo utilizados não apenas na ortopedia, mas em outras áreas da medicina regenerativa.

Os benefícios do uso de medicamentos ortopédicos.

As terapias que empregam substâncias provenientes do próprio corpo do paciente ou biomateriais visam reparar, regenerar ou modular tecidos danificados, principalmente em articulações, músculos, tendões e ossos. Diferentemente dos analgésicos ou anti-inflamatórios, que tratam as consequências de uma lesão, os ortobiológicos atuam diretamente na causa, estimulando a cicatrização natural do organismo.

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O especialista ortopedista Fernando Jorge, especialista em cirurgias do Joelho e cirurgias do Quadril e Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, explica que se baseiam em princípios biológicos, como o estímulo à regeneração tecidual, modulação inflamatória e melhora da homeostase articular.

Elas podem substituir o procedimento cirúrgico?

Além disso, eles se distinguem pela invasividade: são conduzidos por meio de aplicações de injeção guiadas por imagem, o que demanda um protocolo bastante diferente dos exigidos nas salas de operação. “Eles não substituem cirurgias em todos os casos, mas podem ser alternativas ou complementos dependendo da condição e do estágio”, afirma Jorge.

Nesse contexto, os ortobiológicos atuam como alternativas à cirurgia, sobretudo em fases iniciais de doenças articulares. Para pacientes com osteoartrite leve a moderada, é possível adiar uma artroplastia. “Estudos demonstram alívio da dor e adiamento cirúrgico por até cinco anos”, comenta o médico.

Lesões parciais de tendões ou ligamentos também podem cicatrizar sem intervenção cirúrgica.

Em casos mais sérios, como fraturas completas ou osteoartrite grau IV, os ortobiológicos têm papel restrito, podendo atuar como suporte à cirurgia. Em artroscopias, por exemplo, o PRP pode otimizar a recuperação. No caso de próteses, o ácido hialurônico pode amenizar sintomas persistentes.

Principais tipos de ortobióticos

Atualmente, o especialista aponta algumas alternativas para a realização do tratamento com ortobiológicos. Dependendo da técnica, seus usos não se restringem apenas à ortopedia.

Plasma Rico em Plaquetas

O material é obtido pela centrifugação do sangue do próprio paciente, concentrando plaquetas e proteínas importantes para a regeneração de tecidos (fatores de crescimento). Após a injeção na lesão, estimula a proliferação celular, a formação de novos vasos sanguíneos e a produção de colágeno.

Segundo o ortopedista, a indicação da técnica é feita para casos de:

A eficácia varia de acordo com a concentração de plaquetas, a técnica de aplicação e a intensidade da lesão. As evidências mais robustas se encontram na osteoartrite do joelho.

Células-Tronco Mesenquimais (MSCs)

O procedimento utiliza material proveniente da medula óssea, gordura ou cordão umbilical – células com características imunomoduladoras, anti-inflamatórias e regenerativas, que secretam fatores parácrinos que promovem a reparação tecidual e inibem a deterioração da cartilagem.

Sua eficácia depende da origem das células, da dose empregada e da forma de aplicação. Normalmente, as MSCs são indicadas em pessoas com:

Concentrado de Medula Óssea.

Obtido por aspiração da medula óssea e centrifugação, concentrando MSCs, fatores de crescimento, células-tronco hematopoiéticas e outras células progenitoras.

Atua de forma parecida às MSCs, porém com maior diversidade celular, estimulando a regeneração e modulando a inflamação. Por possuir células vivas, pode apresentar efeito regenerativo mais potente que o PRP. Contudo, sua coleta é mais invasiva.

Sua principal aplicação ocorre em situações de:

A proloterapia é uma técnica terapêutica que consiste na infiltração de substâncias locais, como anestésicos e/ou corticoides, na área afetada por dor

Envolve a introdução de substâncias irritantes, como dextrose hipertônica, em ligamentos, tendões ou articulações, visando provocar uma inflamação controlada e promover a produção de colágeno e a reparação local.

Apesar dos mecanismos exatos ainda não serem totalmente compreendidos, pesquisas indicam vantagens em algumas situações. Representa uma abordagem mais usual na medicina integrativa e com comprovações clínicas ainda restritas.

É frequentemente utilizada em tabelas:

Ácido Hialurônico (Viscosuplamentação)

O ácido hialurônico, reconhecido pelo seu emprego em estética, também possui funções terapêuticas intra-articulares e, na ortopedia, auxilia na restauração da função articular.

Aumenta a lubrificação, diminui o atrito e apresenta características anti-inflamatórias. Produtos com maior peso molecular geralmente exibem melhores resultados.

As aplicações da substância podem ser feitas em casos de:

Novas abordagens em expansão

Adicionalmente às técnicas mais reconhecidas, outras tecnologias ortobiológicas têm ganhado relevância.

Quem pode se beneficiar dos ortobióticos

A indicação adequada depende de critérios clínicos bem definidos. São considerados bons candidatos:

Contraindicações e cuidados antes de optar pelo tratamento

As absolutas abrangem situações envolvendo indivíduos com:

As relativas se referem ao:

Assim como em qualquer tratamento médico, o uso de ortobiológicos apresenta riscos. Apesar de serem incomuns, Jorge aponta a chance de:

sugere-se que certos cuidados sejam observados antes do início do procedimento.

Os abordagens ortobiológicas representam uma evolução promissora na medicina musculoesquelética, oferecendo opções minimamente invasivas para dores articulares e lesões. Embora possam evitar ou complementar cirurgias em casos selecionados, sua eficácia depende de uma indicação precisa, técnica adequada e acompanhamento multidisciplinar. Cuidados como a escolha de profissionais qualificados e a avaliação detalhada são cruciais para minimizar riscos e maximizar benefícios, conclui o ortopedista.

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Fonte por: CNN Brasil

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