Um estudo clínico recente comparou os medicamentos Mounjaro, da Eli Lilly, e Wegovy, da Novo Nordisk – considerado o “irmão” do Ozempic –, e demonstrou que o primeiro é mais eficaz para a perda de peso em comparação com o segundo. Os resultados do estudo foram divulgados no domingo (11) no Congresso Europeu de Obesidade (ECO) e publicados no The New England Journal of Medicine.
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Os indivíduos submetidos ao tratamento com tirzepatida – a substância que constitui o Mounjaro – apresentaram uma redução média de peso de 20,2%, em contraste com 13,7% naqueles tratados com semaglutida – a substância que compõe o Ozempic e o Wegovy. Em média, os pacientes utilizando tirzepatida perderam 22,8 kg, enquanto os que utilizavam semaglutida perderam 15,0 kg. Os resultados foram obtidos após 72 semanas, com base na estimativa do regime de tratamento.
A tirzepatida apresentou resultados superiores em todas as metas de redução de peso corporal, sendo que 64,6% dos participantes em uso da medicação atingiram pelo menos 15% de perda de peso, em comparação com 40,1% daqueles tratados com semaglutida.
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Os pacientes que receberam Mounjaro apresentaram uma diminuição média superior de 18,4 centímetros na circunferência abdominal, ao passo que os tratados com Wegovy registraram uma redução média de 13 centímetros.
Qual foi a metodologia utilizada no estudo?
O estudo, denominado SURMOUNT-5, foi um ensaio de fase 3B que avaliou a eficácia e a segurança da tirzepatida em comparação com a semaglutida em adultos com obesidade ou sobrepeso que não possuíam diabetes, porém apresentavam pelo menos uma das seguintes condições associadas: hipertensão, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono ou doença cardiovascular.
Os indivíduos dos dois grupos de tratamento receberam aconselhamento sobre uma dieta com restrição calórica e aumento da atividade física. Foram 751 participantes dos Estados Unidos e de Porto Rico, randomizados em uma proporção de 1:1 para receber a dose máxima tolerada de tirzepatida (10 mg ou 15 mg) ou semaglutida (1,7 mg ou 2,4 mg).
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Com tirzepatida, 89,3% dos participantes obtiveram pelo menos uma dose de 15 mg e com semaglutida 92,8% dos participantes receberam pelo menos uma dose de 2,4 mg.
Os resultados preliminares do estudo já haviam sido divulgados em dezembro de 2024. Posteriormente, o trabalho foi revisado por especialistas e publicado oficialmente em uma revista científica.
O estudo se destaca por avaliar rigorosamente dois medicamentos eficazes, com a Tirzepatida apresentando resultados superiores, maior taxa de desfechos positivos para os pacientes e perfil de segurança semelhante, com menos efeitos colaterais, comenta Bruno Halpern, vice-presidente da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso). Ele não participou da pesquisa.
Com uma variedade maior de medicamentos, é possível criar estratégias de tratamento adequadas para cada paciente. Atualmente, as reduções de peso atingem resultados notáveis, variando de 15% a 20%.
Mounjaro e Wegovy: qual a diferença?
Wegovy e Mounjaro, embora apresentem resultados parecidos, são formados por princípios ativos distintos.
O primeiro é composto pela semaglutida, uma droga da classe dos anás do hormônio GLP-1 que atua na secreção de insulina pelo pâncreas, regulando a glicose no sangue e promovendo, também, a redução do apetite. A semaglutida é o mesmo princípio ativo do Ozempic, indicado para o tratamento do diabetes tipo 2.
O Mounjaro é composto por tirzepatida, uma molécula agonista duplo de GLP-1 e GIP, hormônios produzidos no intestino e liberados após as refeições. Isso implica que o medicamento estimula a ação tanto do GLP-1 quanto do GIP, elevando a produção de insulina pelo pâncreas para controlar os níveis de açúcar no sangue.
Em estudos prévios, o Mounjaro já demonstrou maior eficácia em relação ao Ozempic e ao Wegovy para a perda de peso. A análise revelou que ambos os medicamentos apresentaram eficácia no emagrecimento, porém 82% dos indivíduos que utilizaram tirzepatida obtiveram uma redução de 5% do peso inicial após um ano de tratamento, em contraste com aproximadamente 67% daqueles que receberam semaglutida.
Mounjaro aprovado no Brasil para diabetes tipo 2.
O Mounjaro recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil em setembro de 2023 para o tratamento do diabetes tipo 2. Seu uso para o tratamento da obesidade ainda não foi autorizado pela agência reguladora.
Segundo Luiz Magno, diretor médico sênior da Eli Lilly do Brasil, a Lilly do Brasil espera a avaliação regulatória de tirzepatida para o tratamento da obesidade. Os resultados do estudo SURMOUNT-5 reforçam o potencial da molécula para essa indicação, afirmou o especialista.
Existem mais de um bilhão de pessoas no mundo que vivem com obesidade e, no Brasil, um em cada quatro adultos apresenta essa condição. Essa doença crônica representa um grande desafio para a saúde pública, com estudos que indicam mais de 200 complicações associadas. novos tratamentos com resultados tão positivos são importantes para melhorar a qualidade de vida de quem enfrenta essa condição tão prevalente.
Mounjaro: veja o que brasileiros querem saber sobre o remédio
Fonte: CNN Brasil