Entenda o caso do ex-senador Telmário Mota - ZéNewsAi

Entenda o caso do ex-senador Telmário Mota

01/11/2023 às 1h40

Por: José News

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O ex-senador de Roraima Telmário Mota foi preso ontem em Goiás. Ele foi preso porque a Justiça de Roraima o acusou de ser o mandante do assassinato da mãe da própria filha, que aconteceu no dia 29 de setembro deste ano. A polícia de Goiás ajudou na captura, trocando informações com as autoridades de Roraima.

De acordo com a Polícia Civil de Goiás, o ex-senador foi preso quando chegou na casa onde estava se escondendo. Telmário estava sozinho em um carro e não resistiu à prisão. Ele será mantido na Delegacia de Homicídios de Goiás. No entanto, a Polícia Civil de Roraima já pediu permissão judicial para levá-lo de volta ao estado.

Operação Caçada Real

Telmário Mota foi preso hoje pela Polícia Civil de Roraima como parte da Operação Caçada Real. A polícia cumpriu três mandados de prisão e sete mandados de busca e apreensão. Ela procurou o ex-senador na fazenda que leva o nome da operação, mas ele não estava lá. A polícia também buscou o político em seu apartamento em Brasília.

A operação foi realizada pelo Ministério Público de Roraima, Secretaria de Segurança Pública, Polícia Militar e Polícia Civil do Distrito Federal. Outras unidades da Polícia Civil também auxiliaram na operação.

Durante a operação, na fazenda do ex-senador, a polícia prendeu em flagrante um funcionário que tinha uma espingarda ilegal em seu quarto.

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Foram encontrados no local: uma arma, dinheiro, documentos, telefones celulares, iPad, alvos de tiros e quatro balas cravadas em uma árvore. De acordo com depoimentos à polícia, o autor do crime realizou um treinamento de tiros nessa árvore antes do incidente. As balas apreendidas serão analisadas pelo Instituto de Criminalística Perito Dimas Almeida para uma comparação balística.

Motivação do crime

De acordo com o delegado João Evangelista, que está investigando o caso, o motivo do crime está relacionado a diversas situações.

“A vítima e sua filha forneceram informações que resultaram em uma investigação policial em 2022. Como resultado, ela se tornou uma testemunha no processo criminal do réu acusado de estupro. Além disso, havia outros processos legais relacionados à pensão alimentícia e valores que ela estava buscando através do sistema judicial. Com sua morte, essas situações se encerrariam teoricamente. Portanto, parece que ele teria motivos para matá-la”, declarou.

No dia 29 de setembro, por volta das 6h30 da manhã, Antônia foi assassinada com um tiro na cabeça quando estava saindo de casa para ir trabalhar. O homicídio foi cometido por duas pessoas que estavam em uma moto. De acordo com a investigação, a ordem para matá-la veio de uma reunião na fazenda Caçada Real.

Ney Mentira teria comprado uma moto usada pelos criminosos. A moto foi comprada por R$ 4 mil em dinheiro, estava registrada em nome de outra pessoa e tinha documentos irregulares. O sobrinho do ex-senador já tinha sido acusado de vários crimes, incluindo homicídio, estelionato, roubo, furto e apropriação indébita.

Após a compra da moto, ainda segundo a polícia, Ney Mentira a entregou para a então assessora de Telmário Mota, que levou o veículo até uma oficina para a realização de reparos e revisão. Em seguida, a mesma mulher entregou a moto aos autores do crime em local indicado pelo sobrinho do político.

Durante uma entrevista coletiva, o delegado João Evangelista também mencionou as possíveis razões por trás do crime. Uma delas é o depoimento que Antônia Araújo de Sousa estava prestes a dar sobre um crime de estupro envolvendo o político e sua própria filha. Em agosto de 2022, a adolescente de 17 anos o acusou de abuso sexual e registrou uma queixa contra ele. Na época, a jovem afirmou que ele a forçou a entrar no carro e a tocou indevidamente.

Ação conjunta

O delegado João Evangelista, que está conduzindo as investigações, diz que vários procedimentos foram feitos no inquérito policial, envolvendo diferentes unidades policiais e o Departamento de Inteligência da Secretaria de Segurança. O Núcleo de Inteligência da Polícia Civil também participou dessas ações conjuntas.

“A cooperação entre as instituições e os órgãos de segurança nos permitiu obter sucesso ao confirmar informações, identificar suspeitos e veículos, localizar prováveis locais usados pelo grupo, além de descobrir conexões e ações”.

Com isso, segundo o delegado, foi possível observar quem planejou quem teve logística, quem atuou na parte de buscar os executores, como escolheram o dia mais difícil mais propício para a execução do crime.

Eles planejaram o crime cuidadosamente, avaliaram os riscos, acompanharam a rotina da vítima para evitar serem pegos, e as investigações apontam que pelo menos uma pessoa foi responsável pela execução. Um sobrinho do ex-senador Telmário Mota foi preso, juntamente com uma ex-assessora, e tudo indica que ele tenha sido o mandante do crime.

O treino central

A fazenda do ex-senador Telmário Mota em Roraima era usada como local de treinamento para atirar com armas de fogo. A polícia diz que essa fazenda era importante para os responsáveis pelo crime. De acordo com o chefe da Delegacia Geral de Homicídios de Roraima, João Evangelista, o grupo que matou Antônia se preparou para o crime na fazenda.

“Uma área na fazenda foi usada para treinar disparos de arma de fogo em alvos de papel. Encontramos os alvos, o local onde os disparos foram feitos e retiramos partes de uma árvore onde os projéteis atingiram, que foram enviados para análise forense”, informou o delegado ao Metrópoles. No entanto, ele ressaltou que não é possível afirmar com certeza se Telmário Mota participou do treinamento.

O imóvel de Telmário Mota foi listado em sua declaração de bens para a eleição de 2022, na qual ele tentou se reeleger ao Senado, mas não teve sucesso. Segundo as informações fornecidas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a fazenda está avaliada em R$ 3,3 milhões e possui uma área de 1.200 hectares, que é equivalente a mais de mil campos de futebol. No ano de 2021, a propriedade ficou famosa depois que Telmário afirmou que foi invadida por cerca de 100 porcos.

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