A China critica o Israel e se apresenta como um mediador possível para a paz com o Irã

O ministro das Relações Exteriores da China dialogou com seus equivalentes do Irã e de Israel após o começo do conflito na região do Oriente Médio.

16/06/2025 9h31

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(Imagem de reprodução da internet).

O ataque israelense sem precedentes a Irã na semana passada provocou um conflito em ascensão entre os dois países, e a China vislumbrou uma chance de se posicionar como um mediador da paz e uma alternativa aos Estados Unidos.

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O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, desempenhou essa tarefa no fim de semana, dialogando com seus equivalentes iraniano e israelense em comunicações telefônicas distintas, nas quais Wang criticou o ataque que originou o conflito mais recente e transmitiu a proposta da China de “exercer um papel construtivo” em sua solução.

A China condena explicitamente a violação por Israel da soberania, segurança e integridade territorial do Irã, e apoia o Irã na salvaguarda de sua soberania nacional, defendendo seus direitos e interesses legítimos, afirmou Wang em uma ligação telefônica no sábado (14) com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Seyed Abbas Araghchi, conforme comunicado oficial de Pequim.

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A autodefesa denunciando a ação explícita da China contra Israel contrasta fortemente com a resposta do país à invasão da Ucrânia, onde Pequim se recusou a condenar, ao mesmo tempo em que fortalecia seus vínculos com Moscou.

Isso também evidencia o fortalecimento das linhas geopolíticas que confrontam a China aos Estados Unidos em diversas questões globais.

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Israel lançou seu ataque aéreo contra o complexo nuclear, de mísseis e militar do Irã na manhã de sexta-feira, no que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, descreveu como uma operação para “reverter” a ameaça iraniana, assegurando a sobrevivência de seu país.

Várias ondas de ataques letais lançados por ambos os lados nos dias seguintes resultaram em um número crescente de vítimas e elevaram o risco de uma escalada regional mais ampla que poderia envolver os Estados Unidos, que até então apenas prestaram apoio à defesa de Israel contra um ataque de mísseis e drones iranianos.

De acordo com a perspectiva de Pequim, a situação suscita justificativas para expressar-se abertamente sobre um conflito em uma região onde o país tem buscado expandir sua influência econômica e diplomática, embora especialistas apontem que sua atuação como mediador ainda seja restrita.

Contribuir de forma positiva.

A política “América Primeiro” do governo Trump enfraqueceu a posição tradicional dos EUA no cenário internacional, o que permitiu que Pequim expandisse sua influência, sobretudo em países do Sul Global, onde Israel recebeu forte condenação devido ao seu ataque contínuo a Gaza.

Pequim também é um importante apoiador diplomático e econômico do Irã e tem se dedicado a aprofundar ainda mais a cooperação nos últimos anos, incluindo a realização de exercícios navais conjuntos, buscando equilibrar esses laços com suas crescentes relações com países como a Arábia Saudita.

As autoridades chinesas se opõem há muito tempo às sanções americanas contra o Irã e criticam a retirada dos EUA do acordo nuclear iraniano de 2015, alegando que Washington é uma causa de instabilidade e tensões na região.

Wang fez implicitamente críticas aos Estados Unidos em sua ligação telefônica com seu homóiraniano no sábado, conforme a nota chinesa sobre a ligação, afirmando que “a China também insta os países que têm influência sobre Israel a fazerem esforços concretos para restaurar a paz”.

A China está disposta a manter o diácom o Irã e outros atores pertinentes para continuar a desempenhar um papel positivo na diminuição das tensões.

Wang declarou ao ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, no sábado que a China “instou Israel e o Irã a resolverem as diferenças por meio do diá” e acrescentou “que a China está disposta a desempenhar um papel construtivo no apoio a esses esforços”, segundo um comunicado chinês.

É improvável que Pequim tenha ganhos com o aumento das tensões na região, da qual depende para garantir seu abastecimento energético e onde tem se posicionado como uma potência em ascensão. Por exemplo, desempenhou um papel notável ao promover um acordo diplomático entre os principais adversários, Arábia Saudita e Irã, em 2023.

Não ficou claro qual papel Pequim poderia desempenhar na resolução do conflito atual, incluindo quanta influência Pequim tem sobre Teerã, mesmo com legisladores em Washington alertando sobre um “eixo” cada vez mais profundo entre China, Irã, Rússia e Coreia do Norte.

A China permanece, de modo significativo, o maior consumidor de energia do Irã, apesar de não ter divulgado compras de petróleo iraniano em seus registros alfandegários oficiais desde 2022, conforme apontam especialistas.

Os Estados Unidos impuseram sanções a algumas empresas chinesas devido ao seu alegado envolvimento no comércio de petróleo iraniano, e produtos químicos de fabricação chinesa para a produção de combustível de mísseis foram entregues ao Irã nos últimos meses, conforme reportagens da CNN.

Contudo, no que tange à administração do curso dessa escalada de um conflito regional enraizado, é provável que agentes tanto no Oriente Médio quanto nos EUA – que desempenham um papel fundamental na segurança regional – acabem por liderar esse empreendimento.

Trump afirmou, no domingo (16), nas redes sociais que Irã e Israel “assinarão um acordo”, afirmando que “muitas ligações e reuniões” estavam “ocorrendo” sem fornecer detalhes.

O presidente dos EUA também indicou que outro líder com potencial poderia ter um papel na mediação da paz: Vladimir Putin, com quem Trump disse ter conversado sobre a situação em escalada no sábado.

Em entrevista à ABC News, Trump afirmou estar aberto à possibilidade de que o líder russo, responsável pela invasão da Ucrânia e que se opôs a um cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos naquele conflito, atue como mediador – outro indicativo da aproximação entre Washington e Moscou, que mantém relações próximas com Teerã e criticou o ataque israelense.

“Eu estaria aberto a isso”, afirmou Trump. Putin “está pronto”.

Fonte por: CNN Brasil

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