A morte de Khamenei intensificaria a instabilidade, afirmam especialistas
O líder supremo do Irã analisa potenciais herdeiros para garantir a continuidade do governo em caso de sua morte, provocado por ações dos Estados Unidos ou Israel.

O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, iniciou a construção de um plano de sucessão no caso de o esconderijo onde se encontra ser descoberto pelos Estados Unidos ou por Israel e ele ser assassinado. A tensão na região voltou a aumentar após os EUA entrarem em guerra, bombardeando instalações nucleares iranianas na noite de sábado (21.jun.2025).
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O receio não é real. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (Likud, direita), afirmou na segunda-feira (16.jun) que Khamenei não vai “durar muito tempo”. Israel desenvolveu um plano para eliminar o aiatolá, que o presidente norte-americano, Donald Trump (Partido Republicano), rejeitou.
Entretanto, Trump também ameaçou Khamenei: “Sabemos exatamente onde o chamado ‘Líder Supremo’ está se escondendo. Ele é um alvo fácil, mas está seguro ali. Não vamos eliminá-lo (matar!), pelo menos não por enquanto.”
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Para Maurício Santoro, especialista em Ciência Política e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha, a morte do aiatolá resultaria em um “período de grande instabilidade”. Khamenei ocupa o cargo desde 1989.
O aiatolá Khamenei é o centro do Estado iraniano e somente o segundo homem a ocupar a posição de líder supremo. Se ele for morto em guerra, haverá um vácuo de poder. O resultado provavelmente será um período de grande instabilidade e de conflitos entre as lideranças políticas, religiosas e militares.
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O vice-diretor do Instituto de Relações Internacionais da UnB, Roberto Menezes, acredita que existiria uma grande incerteza no país, com dúvidas sobre quem lideraria o governo.
Ele também não garantiria um cenário favorável a Israel, podendo catalisar uma resposta nacionalista contra o “inimigo externo”. O Irã mantém relações com grupos como Hamas, Hezbollah e Houthis. Há dúvidas se essa rede se manteria coesa ou se fragmentaria.
O economista e doutorando em Relações Internacionais Alexandre Fermanian declarou que a ação de Israel em 12 de junho — que deu início ao conflito — é “absolutamente defensável” sob a ótica da autodefesa preventiva diante da ameaça nuclear e ao apoio a grupos extremistas. Segundo ele, a ofensiva visa “postergar ou até evitar um conflito maior”. A ação teria sido “controlada dentro do contexto de dissuasão estratégica”.
Adicionalmente, para Fermanian, os países árabes sunitas “preferem um Israel forte a um Irã nuclear e hegemônico”, mesmo com “discursos protocolares contrários”.
Roberto Menezes acredita que o país judaico emprega o uso da força de maneira desequilibrada. Para ele, Teerã reagiu para assegurar sua própria soberania. “Israel não realizaria nenhum ataque sem a aprovação dos EUA”, afirma. Segundo especialistas, Washington tem interesse em “derrubar o governo iraniano”.
Menezes declara que Tel Aviv “perdeu muito apoio, não só no Oriente Médio, mas em todo o mundo” devido às suas ações na Faixa de Gaza. Contudo, admite que os países do Oriente Médio que mantêm diácom Tel Aviv “certamente não vão aderir ao Irã”.
Ademais, o especialista indica que Israel mantém um programa nuclear não sujeito ao escrutínio do TPN (Tratado de Não Proliferação Nuclear), por não estar incluído no acordo. Já o Irã é signatário. Para ele, a maneira como os programas nucleares de ambos os lados são tratados revela “2 pesos e 2 medidas”.
Fermanian discorda: “Israel, embora não seja signatário do TNP, nunca ameaçou seus vizinhos com aniquilação, nem utilizou discursos de destruição de outros Estados. Se posiciona como uma democracia cercada de regimes autoritários e hostis, mantendo uma política de dissuasão que prioriza sua própria sobrevivência diante de ameaças existenciais”.
Fonte por: Poder 360