Advogado-geral da União, Lewandowski, negou a existência de uma ação em larga escala de espiões russos no Brasil
O ministro da Justiça declarou que as autoridades estão acompanhando o caso e que a investigação envolvendo o espião russo Cherkasov está em andamento no Supremo Tribunal Federal.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, declarou nesta quinta-feira (22.mai.2025) que não existem indícios de uma operação de espionagem russa em larga escala no Brasil. Ele ressaltou que os órgãos de segurança e inteligência do país estão acompanhando o tema com atenção.
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Não há nada de concreto nesse sentido, quanto a uma ação em larga escala de espionagem. Seja da Rússia, seja de qualquer país. Nossas autoridades, tanto do setor militar quanto do setor policial, inclusive da Abin [Agência Brasileira de Inteligência], estão atentos a isso.
Lewandowski admitiu a existência de um caso em investigação, sob a responsabilidade do STF (Supremo Tribunal Federal). Trata-se do espião russo Sergey Cherkasov, que atuava no Brasil com identidade falsa.
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Quando o Judiciário julgar, o governo brasileiro adotará a decisão correspondente à decisão do Supremo Tribunal Federal neste caso. Enquanto não houver, digamos assim, uma ação criminosa, não é o caso da Polícia Federal intervir na questão.
A Polícia Federal brasileira desmantelou uma rede de espionagem russa que utilizava agentes secretos com identidades falsas no país. A informação foi divulgada na quarta-feira (21.mai.2025) pelo jornal norte-americano New York Times.
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Pelo menos nove oficiais de inteligência russos operavam utilizando RGIs e CPFs falsos. Os espiões exploravam falhas no sistema de registro civil brasileiro para obter certidões de nascimento que permitiam a obtenção de outros documentos oficiais, inclusive passaportes.
A investigação, denominada “Operação Leste”, teve início em abril de 2022, quando a CIA (Agência Central de Inteligência) informou às autoridades brasileiras sobre Sergey Cherkasov, um espião que utilizava o nome falso de Victor Muller Ferreira. Ele foi impedido de entrar na Holanda para trabalhar no TPI (Tribunal Penal Internacional) durante a apuração de crimes de guerra da Rússia contra a Ucrânia.
Um dos agentes russos era Artem Shmyrev, que residia no Rio de Janeiro utilizando o nome de Gerhard Daniel Campos Wittich. Ele coordenava uma empresa de impressão 3D e mantinha contato com uma mulher brasileira. Outros indivíduos identificados como espiões incluem um suposto joalheiro, um pesquisador e uma modelo.
A operação russa não tinha como objetivo espionar o Brasil, mas sim utilizá-lo como uma plataforma para a criação de identidades confiáveis, que possibilitassem a atuação subsequente de agentes nos Estados Unidos, na Europa ou no Oriente Médio. Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, os serviços de inteligência ocidentais intensificaram a cooperação global contra espiões russos.
A Rússia retorna.
De acordo com o Times, a maioria dos agentes conseguiu escapar antes de ser detido, provavelmente retornando à Rússia. Para eliminar permanentemente as identidades desses espiões, a Polícia Federal emitiu alertas azuis da Interpol (notificações da Interpol utilizadas para localizar pessoas de interesse, sem ordem de prisão), divulgando seus dados para 196 países.
Apenas Cherkasov permanece no Brasil, cumprindo pena por falsificação de documentos, com a pena reduzida para cinco anos. O governo russo buscou sua extradição alegando que ele seria um traficante de drogas, porém as autoridades brasileiras negaram o pedido.
Fonte: Poder 360