Agricultores sem-terra e a questão da dignidade: um enfrentamento com o preconceito
Cada profissão, cada abrigo e cada pequena conquista simbolizam um ato de liberdade.

As estruturas sociais são moldadas por relações de poder e privilégios históricos, e aqueles que desafiam a ordem estabelecida frequentemente se tornam alvos de preconceito e exclusão. No contexto rural brasileiro, os agricultores sem terra representam um grupo vulnerável e incompreendido, cuja luta por acesso à terra é muitas vezes distorcida, criminalizada e julgada sob o prisma de um moralismo que ignora as raízes da desigualdade agrária. A história do campo brasileiro carrega marcas de concentração fundiária, latifúndios improdutivos e desigualdade de oportunidades. A ausência de políticas agrárias efetivas criou um cenário no qual famílias inteiras, privadas do direito à terra, são obrigadas a lutar por um espaço onde possam produzir alimentos e sustentar a vida com dignidade.
Contudo, ao reivindicarem esse direito, essas famílias são frequentemente estigmatizadas como “invasoras” ou “perturbadoras da ordem”, em um discurso que simplifica e marginaliza sua realidade. Esse preconceito revela muito mais sobre os valores de uma sociedade do que sobre aqueles que são alvo dele.
Há uma tendência histórica de julgar com dureza aqueles que estão nas margens, especialmente quando esses desafiam a lógica de concentração de poder. Os agricultores sem terra são vistos como ameaça não porque desrespeitam a ordem, mas porque questionam uma estrutura desigual que beneficia poucos e condena muitos à miséria.
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O ato de reivindicar justiça social é transformado em “delito” por uma narrativa que prefere a manutenção de privilégios ao enfrentamento das injustiças.
Além da estigmatização social, existe uma desumanização simbólica: o agricultor sem terra é muitas vezes retratado como um ser inferior, incapaz de gerir a terra ou de produzir com eficiência. Essa visão, carregada de preconceitos, ignora a história de luta e de conhecimento que esses trabalhadores carregam, bem como sua contribuição para a soberania alimentar e para a economia rural.
Afonso Peche Filho é engenheiro agrônomo, doutor em ciências ambientais e pesquisador científico do Instituto Agronômico de Campinas (IAC). Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.
Fonte por: Brasil de Fato
Autor(a):
Redação ZéNewsAi
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