Cascudo recebe prêmio

Woden Madruga

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Na gaveta de papéis desorganizados, localizo um recorte do jornal “Correio da Paraíba”, edição de 24 de maio de 1978. Trata-se de um artigo assinado por Juarez da Gama Batista (1927/1981), com o título acima. Juarez, jornalista, escritor, membro da Academia Paraibana de Letras.

No Rio Grande do Norte, desde o domingo, está em desenvolvimento a Sema na de Estudos Nordestinos da sua Universidade Federal, com a conferência de abertura do mestre Gilberto Freyre. Conferencistas, os mais ilustres, vêm do Rio e de São Paulo, de Pernambuco e do Ceará – Prof. Lynaldo Cavalcanti, nosso grande Reitor, condutor seguro e eficiente da UFPb, representará a Paraíba, ao lado de Altimar Pimentel. Eu, vou “de quebra”, só para compor.

Os intelectuais de Santa Catarina concentram a Semana no fato que a encerra: a entrega do “Prêmio Juca Pato” ao extraordinário Luís da Câmara Cascudo, autor da obra original, pioneira e amazônica. O folclore nacional só pode ser estudado, atualmente, dividido em duas fases: ANTES e DEPOIS de Cascudo. ANTES e DEPOIS de um homem de sua inteligência superior de escritor literário que evita a queda da pesquisa em simples coleta de dados (como acontece toda vez com os outros), e que a Ciência ressalva para as fórmulas inteligíveis, inúteis, e até anti-científicas. Ler Cascudo não é só aprender folclore brasileiro. É aprender a História do Homem sobre a terra, a criação e o domínio penoso, constantemente a parecer hoje pitoresco, dos seus instrumentos de vida, a partir do próprio corpo. Ler Cascudo é saber tudo o que as Histórias Universais e as Enciclopédias “esquecem” de dizer “sobre” a fundamental criatura e sua existência no tempo e no destino.

Ainda há pouco, “A História dos Nossos Gestos” e “Canto do Muro”, com entusiasmos de primeira leitura. Cascudo sabe O QUE É E QUEM É a figura humana. Também os bichos, as plantas, os ventos, a lua, as águas, a morte, o sol, a chuva, são seus conhecidos de milênios.

Sua vasta cultura, notável inteligência, personalidade cativante, o pensamento e a sensibilidade artística, tornam o homenageado com o “Juca Pato” uma valiosa e rara figura brasileira, das quais infelizmente já vão rareando tanto neste país.

Ele realizará a entrega da Comenda ao detentor do Prêmio do ano anterior: o escritor José Américo de Almeida. Dele também se ocupará a Semana Norte-Rio-Grandense, com três conferencistas e debates sobre os 50 anos de “A Bagaceira”.

Terei o prazer de ser um dos palestrantes — evidentemente, no meu caso, apenas para apreciar e aprender com os especialistas do Rio Grande do Norte, e para celebrar o humor de Cascudo, amigo querido.

Reunirei outros amigos antigos apreciados: Diógenes da Cunha Lima, Newton Navarro, Woden Madruga, Zila Mamede, Waldir Espinosa, Ticiano Duarte, Onofre Lopes e outros. Serão dias de conversa e escuta sobre assuntos de cultura. Porque tudo mais, como afirma o “Auber to Roberto”, é mera imitação. Reprodução do que Dante e Shakespeare já haviam declarado 4 ou 6 séculos antes.

Luiz Gonzaga assistiu à exibição inédita do documentário “O Enigma de Exu”, produzido pela Globo News, em primeira mão na sexta-feira, 6, às 19h, na praça pública de Exu, município do sertão do Araripe, em Pernambuco. Foi em Exu, onde nasceu o cantor e compositor, que se formou a maior escola de sanfoneiros do mundo. O lançamento do filme contou com a presença do jornalista e escritor Lira Neto, que prepara a biografia de Luiz Gonzaga.

Vamos ouvir, no rádio, Luiz Gonzaga cantando: “Viva São João do Araripe (viva) / Viva seu Januário (viva) // Meu Araripe, meu relicário/ Eu vim aqui rever meu pé de serra / Beijar a minha terra/ Celebrar seu centenário.”

Saramago Acontece na Biblioteca Central Zila Mamede (BCZM), da UFRN, nos dias 9 (amanhã) e 10, com debates à tarde e à noite. Será exibido o documentário “José & Pilar”, sob a direção de Miguel Gonçalves Mendes, que acompanha a vida de José Saramago (1922/2010) e sua esposa, a jornalista espanhola Pilar del Rio.

Política D’E no Estadão: – A maioria dos brasileiros acredita que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível até 2030, deveria abandonar imediatamente a retórica de que será candidato à Presidência da República em 2026 e apoiar outro nome na disputa. É o que aponta a pesquisa Genial/Quaest divulgada quinta-feira, 5. – Segundo o levantamento, 65% dos entrevistados afirmam que Bolsonaro “deveria abrir mão da candidatura e apoiar outro candidato”. Entre os eleitores bolsonaristas, o percentual cai para 38%.

Cláudio Porpino faleceu na segunda-feira, 2, aos 59 anos. Político, deputado estadual, secretariado de diversas pastas estaduais e do município de Natal, atleta (infantil), agitador cultural. Um dos bons conversadores daquela cidade litorânea. Sentiremos muito a sua falta. Já está fazendo.

No Rosas na Cartola, Rua Chile, 1, na antiga Ribeira, hoje, domingo, será lançado o quarto volume (revisado) do livro “Acontecimentos e Tipos da Confeitaria Delícia”, de Josué Alexandre Garcia. Retrata a vida noturna de Natal entre as décadas de 1940 e 1960. Uma leitura agradável e um passeio pela charmosa região.

Chuva na primeira semana de junho (de segunda a sexta) com pouca ocorrência nos sertões do Rio Grande do Norte. No Seridó, quase ausente. Concentrações maiores no Oeste e no Litoral. Em Natal, o volume acumulado é de 44 milímetros, conforme dados da Emparn.

“Que infinitas distâncias andarei / para chegar a ti? / No sono desperto para o sonho / e no coração azul da tarde / escrevo a palavra / só lidão // Para te enfrentar, ó solidão! / inauguro silêncios / que amordam as tuas vozes.”

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Fonte por: Tribuna do Norte