Economistas e especialistas debatem declarações de Haddad sobre aumento tarifário e inflação

O ministro da Fazenda declarou que o aumento da oferta doméstica resultaria em redução de preços, contudo, esse impacto seria restrito.

29/07/2025 22h54

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(Imagem de reprodução da internet).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na terça-feira (29.jul.2025) que a política tarifária dos Estados Unidos de Donald Trump (Partido Republicano) pode diminuir a inflação do Brasil. No entanto, economistas consultados pelo Poder360 questionam a exatidão da declaração.

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De acordo com a lógica de Haddad, as empresas que anteriormente comercializavam para os Estados Unidos deverão redirecionar suas vendas para o mercado interno. Esse redirecionamento eleva a oferta, e com um aumento na disponibilidade de produtos, os preços tendem a diminuir.

Ecio Costa, economista e professor da UFPE, declarou que a fala do ministro foi “inocente”. Admitiu que pode haver um alívio, porém ele será momentâneo.

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Isso não é algo positivo. Pode auxiliar temporariamente em um mês específico no IPCA, mas posteriormente surge o problema real, para explorar novos mercados.

Ele também declarou que a alteração do destino das importações é mais complexa devido a questões sanitárias, além das dificuldades burocráticas.

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Costa também destacou a deterioração dos alimentos, ou seja, o período de validade. Carnes e frutas apresentam maior risco de estragarem rapidamente.

Serão lançados no mercado brasileiro ou descartados, podendo estragar e serem eliminados, se o custo de sua comercialização for excessivamente elevado internamente.

Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, declarou que o custo de armazenamento de produtos como frutas, café e peixe é “muito elevado” e deve resultar na redução de preços desses itens no curto prazo. No entanto, o especialista considerou que o impacto na inflação brasileira é “quase imperceptível” porque são poucos os produtos envolvidos.

Podemos considerar, no máximo, uma dezena de produtos que podem sofrer queda de preços, mas o IPCA, por exemplo, é composto por quase 500 itens. Portanto, é um pequeno ajuste no oceano.

A declaração de Haddad foi proferida durante entrevista à CNN Brasil. Leia a íntegra do que disse o ministro:

Compreendo que pode haver uma surpresa em relação à inflação dos alimentos. Inclusive, percebo isso nos relatórios que recebo sobre o comportamento dos preços nas últimas duas semanas. São justamente os produtos que estão sendo alvo da taxação fora, principalmente a carne e as frutas, que apresentam uma percepção de queda nos preços do varejo. Isso se manterá? Precisamos avaliar.

Ele foi perguntado se essa possível queda nos preços não ocorreria à custa do prejuízo das empresas exportadoras. Evitou a questão e respondeu que o apoio elaborado pela equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visava salvaguardar as empresas, que necessitam demitir funcionários para enfrentar os maiores custos.

Ecio Costa prevê que o desemprego será notório. As empresas necessitam reduzir despesas e isso ocorre por meio da folha salarial.

O economista afirmou que se trata de um aumento do desemprego, um desinvestimento e até uma possível manobra de alguns agentes do mercado brasileiro, devido a essa tarifação, não se trata de algo positivo.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu impor uma taxa de 50% sobre as importações brasileiras a partir de 1º de agosto. Ele já indicou que não haverá revogação ou postergação dessa medida.

Juros

Agostini considera que a queda repentina nos preços de determinados produtos não justifica um corte na taxa Selic para 2025. A taxa básica de juros está em 15% ao ano.

Ainda se observa uma inflação de serviços bastante intensa, juntamente com uma inflação de preços administrados expressiva, como se manifesta no valor da energia atualmente. Adicionalmente, existem outras composições do IPCA que possuem força de alta, afirmou.

Fonte por: Poder 360

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