O desmatamento na Amazônia cresceu 92% em maio, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (6). O resultado representa a segunda maior área desmatada da série histórica para o mês, com 960 km², em comparação com 502 km² em maio de 2024.
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A CNN, Ana Carolina Crisostomo, especialista em conservação do Fundo Mundial para a Natureza Brasil (WWF-Brasil), declarou que a aprovação do PL 2159/2021 do Licenciamento Ambiental, também chamado popularmente de PL do Desmatamento, é muito grave, pois não leva em consideração a crise climática. “Atualmente, o desmatamento e a agropecuária estão entre as principais causas de efeito estufa no Brasil”, afirma a especialista.
“Isso é extremamente grave, pois estamos falando de um país que tem como meta zerar o desmatamento até 2030. Estamos vivenciando uma nova ‘boiada’, onde temos o parlamento nacional aprovando um PL com potencial degradador que vai totalmente na contramão de seus compromissos firmados nacionalmente e internacionalmente”, completa Ana Carolina.
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Dados do sistema Deter, do Inpe, mostram que o resultado ficou abaixo do recorde de 1.390 km², registrado em maio de 2021. Em abril, os alertas já haviam aumentado 55%, o que indica que se trata da segunda alta consecutiva de 2025. Nos últimos dez meses, de agosto a maio deste ano, houve um aumento de 9,7% na área desmatada.
Para o secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, João Paulo Capobianco, a situação é “dramática”. “A perda de floresta em maio de 2025 se deu em maior quantidade em função de incêndios florestais, mudando uma trajetória histórica que até hoje não conhecíamos”, declara.
De acordo com o secretário, mais de cinquenta por cento (51%) do desmatamento ocorreu em áreas de floresta queimada. “O impacto dos incêndios florestais ao longo da história foi relativamente baixo sobre a taxa de desmatamento. No entanto, com o agravamento das mudanças climáticas, e a maior fragilidade da cobertura florestal, inclusive primária, estamos começando a observar uma mudança de cenário” afirmou Capobianco.
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A pesquisa do Inpe aponta que os estados mais impactados foram Mato Grosso (627 km²), Pará (145 km²) e Amazonas (142 km²). Mato Grosso destaca-se, com elevação de 237% em relação a Maio de 2024, e por responder por 65% de toda a área desmatada em maio na Amazônia.
O Greenpeace indica que há vários fatores que podem explicar o aumento dos alertas de desmatamento em maio. Segundo a instituição, a combinação de dois anos dos efeitos das mudanças climáticas e um El Niño intenso geraram temperaturas mais altas e duas secas severas na Amazônia.
A instituição afirma que a floresta Amazônica sofreu um impacto significativo pelo fogo, originado por ações humanas e que pode ter tornado as áreas mais suscetíveis ao desmatamento. João Paulo Capobianco declara que, em um planeta mais quente e seco, o emprego do fogo de maneira ilegal se configura como uma estratégia eficaz para a destruição da Amazônia.
Sob a supervisão de Thiago Félix.
Fonte por: CNN Brasil