Encontro de Sementes Crioulas celebra 25 anos com a diocese de Santa Cruz do Sul

A ação ocorrerá no dia 14 na Linha Sitio, em Cruzeiro do Sul, área afetada pelas inundações de 2023/2024.

06/08/2025 18h32

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(Imagem de reprodução da internet).

Com o lema “Agricultores e Agricultoras, peregrinos da esperança”, o 25º Encontro Diocesano das Sementes Crioulas da Diocese de Santa Cruz do Sul será realizado na Linha Sitio, município de Cruzeiro do Sul, território afetado pelas cheias em 2023 e 2024, na próxima quinta-feira (14).

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O evento é uma das mais antigas iniciativas no estado de promover a conservação da tradição e a disseminação das sementes crioulas, com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e camponesa e multiplicar as sementes plantadas pelo já saudoso papa Francisco, que deixou o desafio de efetivação de uma igreja que se coloque em saída.

Os participantes serão recepcionados a partir das 7h30 com café da manhã. Entre 8h30 e 15h30 ocorrerão rodas de conversa, apresentações, trocas de informações técnicas, momentos culturais, misticismo rural, bênção sobre as sementes, celebração e compartilhamento.

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Às 12h, será realizado o almoço coletivo (arroz de carreteiro com saladas variadas por R$ 20,00). É solicitado que cada participante traga seu próprio copo ou caneca, para minimizar o uso de materiais descartáveis. Dentre os destaques culturais, estarão presentes Antonio Gringo, Regina Wirtti e Bruna Ave Cantadeira.

Os organizadores incentivam os produtores a apresentar suas sementes crioulas, mudas e variedades, ressaltando a necessidade de identificar cada uma para otimizar as trocas.

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O encontro contará com a participação da diocese de Santa Cruz do Sul, da Comissão Pastoral da Terra, da Escola de Jovens Rurais, da paróquia São Gabriel Arcanjo, da Escola São Miguel, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cruzeiro do Sul, da Cáritas, da Missão Sementes de Solidariedade, do Movimento dos Pequenos Agricultores, da Associação em Agroecologia do Vale do Rio Pardo, da Articulação de Agroecologia do Vale do Taquari, da Prefeitura Municipal de Cruzeiro do Sul e da Emater/Ascar.

25 anos de plantio e perseverança.

Maurício Queiroz, membro da organização da atividade, recorda a trajetória dos encontros, promovidos na diocese desde 2001 pela Comissão Pastoral da Terra, com grande participação também da Escola de Jovens Rurais-EJR, que “consideram esta atividade como um momento crucial de mobilização e formação, buscando fortalecer os pequenos agricultores e agricultoras em sua luta”.

Queiroz destaca que a primeira edição do encontro foi uma resposta a um desejo expresso em diversos seminários regionais de agroecologia, que identificaram como prioridade o trabalho com o tema das sementes crioulas.

Um outro fator que motivou Queiroz foi a criação do assentamento Padre Reus, em Encruzilhada do Sul, onde as famílias necessitavam de assistência para estabelecerem suas vidas e atividades produtivas na terra adquirida. “Assim, surgiu a ideia de realizar a coleta de sementes crioulas e mudas para oferecer às famílias. As famílias com a terra e as sementes poderiam iniciar o plantio e a produção de alimentos.”

Após esses acontecimentos, a CPT Diocesana determinou que um encontro anual de sementes crioulas deveria ocorrer para compartilhar sementes, experiências, abordar a agroecologia e, principalmente, fortalecer a luta dos camponeses e camponesas. Após 24 encontros realizados, tornou-se evidente: em meio a centenas de variedades crioulas de sementes e mudas, houve a preservação e multiplicação das sementes de resistência no povo.

Davi contra Golias, todos os dias.

O bispo Dom Itacir Brassiani utiliza uma analogia bíblica para abordar a situação dos pequenos agricultores e pequenas agricultas: “No Brasil, a agricultura familiar e os guardiões das sementes são como o pequeno Davi, desarmado, que se atreve a confrontar o gigante Golias, armado até os dentes e apoiado por pessoas poderosas. Contudo, eles escondem na mão as pedras da sabedoria e da organização”.

Brassiani explica que com a sabedoria e a organização popular, os pequenos agricultores e agricultoras exercem o protagonismo na defesa dos direitos do povo mais humilde e buscam a libertação das sementes dos grandes, que se apresentam como seus donos. “Será que alguém pode patentear e vender o ar, a água, o mistério da vida?”, questiona o bispo.

Cultivar, proteger e distribuir sementes autênticas é uma luta crucial, sem concessões. Não permitamos que nossas sementes caiam sob o controle de adversários! Preservemos as sementes crioulas como valorizamos nossa dignidade e recursos escassos. Plantemos estas sementes como nutrindo a esperança! Compartilhemos esses pequenos segredos da vida, assim como promovemos a reprodução humana.

Para mais informações, a organização disponibiliza o contato do WhatsApp (51) 996430119.

Fonte por: Brasil de Fato

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