Identifique as causas e os sintomas da ansiedade social

O Transtorno de Ansiedade Social, também conhecido como fobia social, é uma condição caracterizada pela ansiedade excessiva e persistente em situações sociais ou que exigem a demonstração de algum tipo de capacidade. “Chega a ser um sofrimento muito mais intenso do que a timidez, que é uma característica da personalidade”, explica o psiquiatra Dr. Gustavo Yamin Fernandes, coordenador da equipe de psiquiatria do Hospital Samaritano Higienópolis, Rede Américas.

Segundo o último levantamento do Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ocorrido em 2019, 26 milhões de brasileiros sofriam de fobia social. No entanto, um estudo da Universidade Federal de Santa Maria, intitulado “Terapia Cognitivo-Comportamental da Fobia Social”, indica que essa cifra pode ter crescido no período pós-pandemia de COVID-19.

As causas da fobia social

A fobia social não possui uma causa específica. É considerada multifatorial, podendo estar relacionada a fatores genéticos, ambientais e psicológicos. A psicóloga e neuropsicóloga Paula Orio Carlini explica que os fatores genéticos geralmente incluem hereditariedade e alterações na estrutura cerebral.

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Em relação às causas ambientais, estas podem estar associadas a experiências negativas, como bullying e rejeição social. As razões psicológicas, por outro lado, podem estar relacionadas a um comportamento mais tímido do paciente, bem como às suas crenças distorcidas sobre si.

Sintomas da fobia social

Os sintomas da fobia social podem variar conforme o indivíduo e a situação. No entanto, a psicóloga Ana Paula Manzolli, especialista em Psicopatologia Clínica, aponta que os sinais físicos e emocionais mais frequentes incluem:

A psicóloga Andrea Deis, especialista em Neurociências e pós-graduanda em Saúde Mental, complementa que os sintomas do transtorno, notadamente os físicos, manifestam-se como uma reação de “luta ou fuga”, uma resposta fisiológica automática que prepara o organismo para confrontar ou escapar de uma ameaça potencial.

A relação entre fobia social e outros transtornos.

Além de provocar os sintomas mencionados anteriormente, a fobia social também pode estar ligada ao surgimento de outros transtornos psicológicos e físicos. Segundo Paula Orio Carlini, tais como:

Em relação aos transtornos físicos, a profissional destaca que os mais frequentes são dores de cabeça e problemas digestivos. Além disso, a fobia social pode elevar o risco de doenças cardíacas em razão do aumento do estresse e da pressão arterial.

Prejuízos da fobia social

A fobia social não só impacta a saúde física e emocional das pessoas, como também causa um impacto notável na vida diária, abrangendo o trabalho, o lazer e os relacionamentos.

No ambiente profissional, pode comprometer a execução de tarefas que exigem interação com outras pessoas, como apresentações ou reuniões. No tempo livre, pode levar ao isolamento social, uma vez que o receio de julgamento impede a participação em atividades sociais. Nos relacionamentos, pode gerar dificuldades na construção e manutenção de vínculos próximos, afetando a intimidade e a comunicação, conforme detalha o Dr. José Luis Leal de Oliveira, psiquiatra na rede Kora Saúde.

Diagnóstico do transtorno

A fobia social pode ser diagnosticada clinicamente, por meio da análise dos sintomas e histórico médico. Para realizar o diagnóstico, o profissional de saúde, como um clínico, psicópsiquiatra ou terapeuta, utiliza os critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que determina que os sintomas devem durar, pelo menos, seis meses para caracterizar a condição.

Esses critérios incluem o medo intenso e duradouro de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo está exposto à possível avaliação por outras pessoas, o medo de agir de forma humilhante ou constrangedora, a evitação dessas situações ou a vivência delas com intensa ansiedade, bem como o impacto significativo desses sintomas na vida do indivíduo, explica Andrea Deis.

Tratamentos recomendados para a fobia social

Muitos casos de fobia social são tratados por meio da psicoterapia. Katia Goes, psicóloga da Gêia Consultoria e Corretora de Seguros, comenta que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) costuma ser a mais indicada para a condição, pois “ajuda a pessoa a identificar e mudar pensamentos negativos sobre si mesma e sobre situações sociais, além de enfrentar os medos”.

Entretanto, em certos casos, o tratamento terapêutico pode não ser suficiente, sendo necessário o uso de medicamentos para o controle de sintomas específicos. Segundo o Dr. Jorge Elias, psiquiatra da clínica Revitalis, os medicamentos geralmente indicados são os antidepressivos (empregados no tratamento de transtornos de humor) e os ansiolíticos (utilizados no tratamento da ansiedade).

O tratamento adequado, conforme o psiquiatra Dr. Gustavo Yamin Fernandes, permite a diminuição da ansiedade, o desenvolvimento de habilidades sociais e o fortalecimento da autoestima. “Essas melhorias possibilitam que o indivíduo se reintegre a ambientes antes evitados, ampliando as perspectivas de crescimento pessoal e profissional”, complementa.

Hábitos saudáveis são aliados no tratamento.

Para uma melhora notável na fobia social, além dos tratamentos terapêuticos e farmacológicos, é importante que o paciente adote hábitos saudáveis. A psicóloga Larissa Fonseca, doutoranda em ansiedade, depressão, estresse, sono e sexualidade feminina, sugere boas práticas:

Ademais, desenvolver uma rede de apoio social e dedicar tempo a atividades prazerosas são hábitos que promovem o equilíbrio emocional.

Fonte: Carta Capital