Léo Lins é condenado por piada racista
Humorista terá que pagar multa de R$ 1,4 milhão e indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.

O comediante Léo Lins recebeu sentença de oito anos e três meses de reclusão devido a piadas preconceituosas exibidas em um vídeo publicado em seu canal no YouTube.
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Ademais do regime fechado, o comediante deverá pagar uma multa de R$ 1,4 milhão e uma indenização de R$ 303,6 mil por danos morais coletivos. A decisão é da 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo na última sexta-feira (31).
O caso ilustra o racismo recreativo, termo aplicado a práticas que buscam atenuar a natureza ofensiva de declarações racistas através do contexto do entretenimento, conforme declarado por advogados entrevistados pela CNN.
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A base dessa forma de racismo reside no fato de estar em um contexto de humor, o que não o tornaria ofensivo ou passível de punição, conforme o advogado Henrique Cataldi. Na decisão sobre Léo Lins, o Judiciário considerou que as declarações do humorista excedem a liberdade artística e constituem discurso discriminatório.
As ofensas costumam estar disfarçadas de piadas, brincadeiras e apelidos, mas ainda exercem opressão racial. “O fato é que o fundo é o mesmo, é o racismo e tem como objetivo ofender determinados grupos, seja em razão da pele, da cor, da raça também”, afirma o criminalista Antonio Gonçalves.
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A Justiça considerou agravante o ocorrido durante o evento recreativo. “Ao longo do show, o réu admitiu o caráter preconceituoso de suas anedotas, demonstrou desrespeito pelas possíveis reações das vítimas e afirmou estar ciente de que poderia enfrentar problemas judiciais devido ao teor das falas”, constata a condenação.
A decisão destaca que o vídeo incita a propagação da intolerância e da violência verbal. Para o Judiciário, o humor não é um “passe livre” para cometer crimes de ódio, preconceito e discriminação.
O vídeo do comediante Léo Lins foi alvo de investigações sobre preconceito e discriminação, no qual o humorista apresenta uma série de piadas direcionadas a negros, idosos, obesos, soropositivos, homossexuais, povos originários, nordestinos, evangélicos, judeus, além de pessoas com deficiência.
Um ano após a publicação, em maio de 2023, a Justiça determinou a suspensão do vídeo do seu show de comédia do Youtube. Na ocasião, o conteúdo já havia sido reproduzido mais de três milhões de vezes.
A Promotoria Federal investigou o conteúdo do vídeo e recomendou ao Poder Judiciário a condenação do humorista.
Fonte por: CNN Brasil