Lula ataca articulação de Bolsonaro: “Falta de patriotismo e de caráter”
O chefe do executivo manifestou-se diante da possibilidade de impostos sobre produtos americanos e imputou responsabilidade a Eduardo Bolsonaro por comp…

Na cerimônia de inauguração da Usina Termelétrica GNA II, em São João da Barra (RJ), na segunda-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou veementemente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). A declaração foi feita em vista da proximidade da aplicação de uma tarifa de 50% determinada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, com previsão de entrar em vigor na sexta-feira (1º).
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Com investimento de R$ 7 bilhões e 1,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada no Porto do Açu, a UTE GNA II representa aproximadamente 10% da geração a gás natural da matriz elétrica nacional. O empreendimento faz parte do maior parque de geração a gás natural da América Latina, com 3 gigawatts (GW) de capacidade instalada.
Em seu discurso, Lula acusou Eduardo Bolsonaro de atuar diretamente com o governo americano para pressionar por sanções contra o Brasil. Segundo o presidente, a ação teria como objetivo evitar o avanço dos processos judiciais contra o pai. “O que fez o filho da pata, deputado federal? Deixou a Câmara dos Deputados, foi para os Estados Unidos e pediu para o Trump taxar o Brasil”, declarou, diante de trabalhadores e autoridades.
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Ao comparar a postura colaboracionista histórica de Joaquim Silvério dos Reis com a de Tiradentes, Lula declarou que “agora estão traindo o povo brasileiro”. E complementou: “Seu pai não merece esse sacrifício. Ele será julgado, mas não pelo governo: será julgado pela Justiça.”
Para Lula, a relação entre Brasil e Estados Unidos é “muito séria” e deve ser tratada com responsabilidade diplomática. “Espero que o presidente Trump reflita sobre a importância do Brasil e decida sentar para tentar resolver. Não é assim, de forma abrupta, que se trata um parceiro com 201 anos de relação diplomática”, disse.
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O presidente criticou diretamente os símbolos utilizados por Bolsonaro durante a campanha: “O indivíduo que antes se envolvia com a bandeira nacional agora está pedindo para atacar o Brasil. É uma falta de vergonha, uma falta de caráter, uma falta de patriotismo.”
Lula declarou que o Brasil não busca confronto e reiterou a vontade de negociar. Ele afirmou que, a partir do início de seu terceiro mandato, o país estabeleceu 398 novos mercados internacionais. “Não queremos discussão, queremos negociar. E ninguém me pega com preguiça de conversar.”
O país que almejamos está em nossas mãos.
Durante o evento, Lula declarou que o Brasil possui potencial para ser altamente desenvolvido, contanto que o povo tenha condições de sonhar e viver com dignidade. “Este país está em nossas mãos. Ele não está na mão de ninguém. Ele depende do que a gente quer fazer ou não.”
Ele mencionou o programa Pé-de-Meia como ilustração de política focada na permanência dos jovens na escola. A ação oferece uma poupança de até R$ 9 mil para estudantes do ensino médio com bom desempenho e frequência regular. “Identificamos que 480 mil jovens abandonaram a escola no ano anterior para auxiliar no orçamento familiar. Com o Pé-de-Meia, foi possível evitar a evasão escolar desses meninos e meninas”, declarou.
Lula também enfatizou a proposta de justiça tributária em discussão no Congresso Nacional, que inclui a isenção de imposto de renda para pessoas com renda até R$ 5 mil mensais. “Não é aumento de imposto, é justiça tributária. Quem ganha mais de R$ 1 milhão por ano vai contribuir um pouco mais para que quem ganha menos não pague”, declarou.
Em outra ocasião, o presidente anunciou a formação de uma comissão especial para identificar os recursos naturais do país, em particular os chamados “minerais críticos”. Ele declarou que mais de 70% do território nacional ainda não foram pesquisados. “Se encontrar minério, não vão poder vendê-lo sem conversar com o governo. Isso é nosso, é do povo brasileiro”, afirmou.
Lula também avançou com a intenção de assegurar gás de cozinha gratuito para famílias de baixa renda, expandindo o acesso ao benefício já existente. “Tem gente pagando R$ 140 num botijão. Vamos garantir que 17 milhões de famílias tenham gás de graça para cozinhar o feijão e o arroz.”
Diálogo, credibilidade e confiança internacional
Ao longo do discurso, Lula criticou o que considerou um “período de obscurantismo” do país nos últimos anos. “Ninguém queria receber o presidente do Brasil. Ninguém queria visitar. O Brasil, que era o país mais alegre do mundo, caiu em trevas.”
Declarou que, desde o início de seu governo, tem se dedicado à tarefa de reconstruir a credibilidade internacional do país. “Já estive em contato com 54 países da União Africana, 27 da União Europeia, 33 da América Latina e Caribe. Também me reuni com a China, Índia, Indonésia e vários países europeus.”
De acordo com Lula, o Estado deve assegurar a estabilidade política, jurídica, fiscal e social, proporcionando previsibilidade para investidores e segurança para a população. “Ninguém joga dinheiro fora, ninguém investe em um país que não acredita. Primeiro a gente tem que acreditar em nós mesmos.”
Fonte por: Brasil de Fato