Manifestações no Quênia contra o governo resultam em 16 vítimas, relata organização
Milhares de quenianos participaram de manifestações ocorridas no ano anterior em oposição ao presidente William Ruto.

Pelo menos 16 mortes foram registradas nos protestos contra o governo no Quênia nesta quarta-feira (25), sendo que a maioria das vítimas foi morta pela polícia, afirmou o diretor da Anistia Internacional no Quênia.
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Milhares de quenianos foram às ruas para marcar um ano das manifestações de 2024, nas quais mais de 60 pessoas morreram. O protesto do ano passado contra um projeto de lei fiscal culminou na invasão do Parlamento queniano.
A polícia utilizou gás lacrimogêneo e jatos d’água para dispersar os manifestantes na capital Nairóbi, conforme informado pela mídia local e uma testemunha da Reuters.
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Alguns manifestantes se envolveram em confrontos com a polícia, informou o diretor-executivo da Anistia Internacional, Irungu Houghton, que também confirmou o número de mortes.
Ele ressaltou que os dados foram checados pelo Órgão Global de Vigilância dos Direitos Humanos e pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia (KNCHR, na sigla em inglês), que recebe financiamento do governo.
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Houghton afirmou que a maioria das vítimas foi morta pela polícia, ademais mencionando que pelo menos cinco pessoas foram mortas com armas de fogo.
A comissão nacional informou que pelo menos 400 pessoas ficaram feridas, entre manifestantes, policiais e jornalistas.
Ademais, a KNCHR declarou a intensa presença policial e alegações de uso excessivo da força, compreendendo balas de borracha, munição real e canhões d’água, que ocasionaram diversos ferimentos.
Um membro do Hospital Kenyatta Nacional afirmou que a instituição havia recebido dezenas de feridos.
Setenta e sete pessoas foram atendidas, a maior parte com ferimentos por projéteis, incluindo balas de borracha e munição real. Ele complementou informando que não houve óbitos no hospital.
O representante da polícia queniana, Muchiri Nyaga, não emitiu declarações imediatas em resposta aos pedidos de comentários sobre as alegações da Anistia Quênia ou da KNCHR.
A Kenya Power afirmou que um dos seus funcionários, responsável por patrulhar a sede em Nairóbi, faleceu após ser vítima de disparo de arma durante os protestos.
Enormes multidões foram vistas se dirigindo em direção à residência oficial do presidente, em cenas transmitidas pelo canal queniano NTV antes que ele e outra emissora, a KTN, fossem desligados após desafiar uma ordem para interromper as transmissões ao vivo dos protestos.
Os dois canais restabeleceram as transmissões nesta quarta-feira (25), após um tribunal de Nairóbi revogar a ordem emitida pela Autoridade de Comunicações do Quênia.
Protestos isolados ocorreram na cidade portuária de Mombasa, conforme relatado pela NTV, além de manifestações nas cidades de Kitengela, Kisii, Matuu e Nyeri.
Apesar do fim dos protestos de 2023 após o presidente William Ruto revogar a proposta de aumento de impostos, a insatisfação pública persistiu em relação ao uso excessivo da força por agências de segurança, com novos atos de manifestação em maio em decorrência da morte de um blogueiro durante detenção policial.
Seis indivíduos, entre eles três policiais, foram acusados de homicídio na terça-feira em razão da morte do blogueiro e professor Albert Ojwang, de 31 anos. Todos alegaram inocência.
Os eventos sem precedentes de 25 de junho de 2024, com a polícia disparando contra manifestantes que invadiram o Parlamento, geraram a maior crise na Presidência de Ruto e acalmaram os aliados internacionais do Quênia.
Fonte por: CNN Brasil