Medicamentos como Ozempic e outros similares podem diminuir o risco de câncer, indica estudo
A pesquisa indica apenas uma associação entre o consumo de medicamentos e a diminuição do risco de câncer, sendo que mais investigações são necessárias, conforme opiniões de especialistas.

Medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro podem diminuir em 7% o risco de 14 tipos de câncer associados à obesidade. Este é o que demonstra um novo estudo apresentado na segunda-feira (1º) na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), o maior evento científico da área que ocorre em Chicago, nos Estados Unidos.
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A obesidade é considerada um dos fatores de risco para câncer, segundo Oren Smaletz, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein. “A inflamação crônica está relacionada à obesidade, assim como a desregulação hormonal e o processo de angiogênese, que é a formação de novos vasos sanguíneos que nutrem o tumor”, explica a CNN. Ele não esteve envolvido no estudo.
Para avaliar se medicamentos que promovem a perda de peso, incluindo a semaglutida (Ozempic e Wegovy) e a tirzepatida (Mounjaro), poderiam diminuir o risco de câncer, os pesquisadores examinaram dados de aproximadamente 85 mil pacientes com diabetes e obesidade em 43 sistemas de saúde dos Estados Unidos entre 2013 e 2023. Os indivíduos apresentavam, em média, 57 anos e índice de massa corporal (IMC) de 38 kg/m².
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Em um período de acompanhamento de aproximadamente quatro anos, cinquenta por cento dos pacientes receberam tratamento com medicamentos da mesma classe do Ozempic, Mounjaro e Wegovy. O restante, também cinquenta por cento, foi tratado com inibidores de DPP-4, que são medicamentos para diabetes, porém não promovem a perda de peso.
Aqueles que utilizaram medicamentos da classe do Ozempic apresentaram uma redução de 7% no risco de desenvolver cânceres associados à obesidade e, também, uma diminuição de 8% na probabilidade de falecimento por quaisquer causas.
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A proteção se mostrou particularmente relevante para tumores colorretais: 16% de diminuição para câncer de intestino e 28% para câncer retal. Quando avaliados por gênero, os benefícios foram mais notáveis em mulheres, que demonstraram 8% menor risco de câncer e 20% menor probabilidade de óbito.
Adicionalmente, outros tipos de câncer associados à obesidade investigados no estudo foram o adenocarcinoma de esôfago, mama, útero, vesícula biliar, parte superior do estômago, rins, fígado, ovários, pâncreas, tireoide, meningioma e mieloma múltiplo.
A pesquisa é observacional, apontando uma associação entre o emprego de medicamentos e a diminuição do câncer, porém não demonstra uma relação direta de causa e efeito.
“Os resultados são importantes, mas precisamos agora de estudos prospectivos para que possamos verificar se existe uma relação direta da medicação e a diminuição da incidência de cânceres relacionados com a obesidade”, afirma Smaletz.
Já sabemos que métodos para perder peso, como dieta, atividade física e até a cirurgia bariátrica, podem diminuir a incidência de câncer relacionado à obesidade. Assim, a questão que não pode ser respondida por este estudo é se existe alguma interação direta das medicações pelos processos patológicos de formação do câncer ou se é realmente o benefício observado pela perda de peso que já vimos em outras técnicas.
Mauro Donadio, oncologista da Oncoclínicas — que também não esteve envolvido no estudo — concorda: “É um resultado interessante e que merece atenção da comunidade médica”. “No entanto, é fundamental destacar que se trata de um estudo observacional, e não de um ensaio clínico controlado. os dados levantam uma hipótese relevante — a de que a medicação pode reduzir o risco de desenvolvimento de tumores — mas essa relação ainda precisa ser confirmada por estudos futuros”, avalia.
Fonte por: CNN Brasil