Monstro-de-gila, que motivou o Ozempic, pode extinguir-se com o aumento da temperatura

O lagarto-de-gila (Heloderma suspectum) reside em desertos no sul dos Estados Unidos e norte do México. Essa criatura produz uma toxina que foi a base para a fabricação do princípio ativo semaglutida, vendida atualmente sob as marcas Ozempic, Wegovy, Rybelsus, entre outras.

Apesar de suas características distintas, o monstro-de-gila também pode ser afetado pelas mudanças climáticas. Um estudo publicado na edição de março da Ecology and Evolution indica que essas espécies podem não se adaptar ao aumento da temperatura de seus ambientes.

Há cinco anos, Steve Hromada – na época pesquisador na Universidade de Nevada – reuniu, com seus colegas, registros de monstros-de-gila em Nevada, Utah, Califórnia e Arizona. puderam compreender melhor os tipos de ambientes preferidos por esses animais. Em seguida, utilizando previsões sobre mudanças climáticas, a equipe realizou simulações em um software para prever como esse mapa de habitat pode alterar nas próximas décadas.

A equipe constatou que, em um cenário de baixas emissões de gases de efeito estufa, poucas alterações ocorrerão para os monstros-de-gila. No entanto, em um cenário com altas emissões, os habitats adequados para esses lagartos podem diminuir em quase dois terços até 2082.

Apesar de habitar desertos, o animal prefere áreas mais frescas, buscando abrigo em buracos e caçando durante as noites mais quentes. Os cientistas projetam que áreas de menor altitude podem se tornar inabitáveis para a espécie, ao passo que regiões montanhosas podem aquecer e se tornar mais adequadas para sua ocorrência.

No entanto, a equipe de Steve identificou que esses animais apresentam dificuldades em percorrer longas distâncias e escalar montanhas. Ademais, mesmo que alguns habitats se tornem mais favoráveis para esses animais em relação à temperatura média, é difícil prever se esses ambientes disporão de alimentos e outros fatores cruciais para os lagartos, segundo os cientistas.

A pesquisa indicou que mais de 90% do habitat atual e futuro do monstro-de-gila no deserto de Mojave se encontra em terras públicas, sendo que a maior parte delas conta com proteção em níveis federal, estadual ou municipal.

Manter esses status de proteção – seja nos parques nacionais ou nas áreas de conservação nacional ao redor dessas regiões – pode ser realmente importante para assegurar a presença da espécie na paisagem, afirma Steve.

Considerando este contexto, é fundamental que a população exija que essas áreas permaneçam protegidas a qualquer custo, visto que medidas governamentais recentes dos EUA indicam uma flexibilização na proteção ambiental de áreas federais, o que pode ser fatal para o monstro-de-gila e diversas outras espécies.

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Fonte por: CNN Brasil