Morte da influenciadora do TikTok chama atenção para casos de feminicídio no México
Em 2024, o México contabilizou 847 casos de feminicídio. Valeria Márquez foi assassinada a tiros durante uma transmissão ao vivo no TikTok.

O homicídio de Valeria Márquez, uma influenciadora mexicana assassinada a tiros em direto no TikTok, provocou consternação e levantou preocupações sobre os índices de violência e feminicídio no México.
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Marquez, com mais de 100 mil seguidores no Instagram, foi vítima de disparo de arma de fogo por um homem que invadiu um salão de beleza. O crime está sendo investigado sob suspeita de feminicídio.
Em 2020, foram registrados 3.723 assassinatos de mulheres no México, com 940 casos investigados como feminicídio, conforme dados da Anistia Internacional.
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Em 2020, no México, ao menos 10 mulheres foram assassinadas diariamente, e em um terço dos casos, a motivação era relacionada ao gênero.
O relatório também aponta para a ineficiência do governo mexicano e da polícia em investigar crimes contra mulheres.
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A Anistia Internacional aponta que a ausência de investigações, a perda de evidências e a aplicação inadequada do conceito de gênero contribuem para o aumento da violência e da impunidade em diversos casos. O relatório também destaca que as famílias das vítimas frequentemente sofrem perseguição e assédio, em muitos casos por parte dos próprios suspeitos durante o processo investigativo.
Os índices de feminicídio não demonstraram melhorias nos últimos anos. Dados recentes do governo mexicano indicam que em 2024 foram registrados 847 casos de feminicídio em todo o país e 162 nos primeiros três meses deste ano.
De acordo com o Relatório de Violência contra Mulheres do México, lançado em abril, a Cidade de Juárez, no norte do país, registra o maior índice de crimes contra mulheres.
A violência generalizada representa também um problema para o país. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (INEGI), em 2023 o México registrou mais de 31 mil homicídios, sendo que 70% deles foram causados por armas de fogo.
Segundo dados do INEGI, a taxa de homicídios entre homens varia de 43,1 para cada 100 mil habitantes, enquanto para mulheres é de 5,4 para cada 100 mil habitantes.
A Human Rights Watch afirma que a presidente Claudia Sheinbaum herdou uma crise de direitos humanos “decorrente da violência extrema praticada por grupos criminosos e de abusos generalizados por agentes do Estado, com pouca responsabilização”.
A organização destaca que as alterações na legislação aprovadas pelo Congresso durante o governo de Andrés Manuel López Obrador (2018-2024), que incluem o aumento da atuação de militares no policiamento, “poderiam perpetuar abusos e minar severamente o Estado de Direito”.
Relembre o caso da influenciadora:
Valeria Márquez transmitia ao vivo em seu salão de beleza quando alguém apareceu na porta para entregar um pacote. “É um coelhinho!” exclamou a influenciadora de beleza ao voltar para frente do celular e desembrulhar um bichinho de pelúcia.
Minutos depois, Márquez estava olhando para fora quando recebeu tiros na região do peito, abdômen e cabeça. Após a influenciadora cair para trás, outra mulher pegou a câmera e interrompeu a transmissão.
Um representante do Ministério Público do estado de Jalisco afirmou que o homem acusado do crime esteve no local do assassinato antes da chegada da vítima e questionou diretamente sobre ela. Ele retornou ao salão posteriormente, quando o crime foi realizado, conforme registrado em vídeo.
O nome do suspeito não foi informado.
Além de gravar vídeos e fazer transmissões ao vivo, Márquez também era modelo e proprietária de um salão de beleza. Ela produzia conteúdo de estilo de vida e moda, compartilhando vídeos e fotos em viagens e situações cotidianas.
A mexicana foi eleita “miss rostro” (miss rosto) de Guadalajara em 2021, conforme informações do perfil na rede social Instagram.
Fonte: CNN Brasil