O ativismo urbano exerce uma influência paradoxal na expansão e no desmatamento

SÉRGIO AZEVEDO, Presidente da Sinduscon, reconhece que o desenvolvimento urbano, em certa extensão, implica a ocupação de novas áreas. No entanto, a magnitude e a trajetória desse crescimento podem ser notavelmente moldadas pela maneira como o desenvolvimento é conduzido nos centros urbanos já consolidados.

07/06/2025 17h01

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(Imagem de reprodução da internet).

Sérgio Azevedo é o Presidente do Sinduscon.

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É inegável que o crescimento urbano, em certa medida, implica a ocupação de novas áreas. No entanto, a intensidade e a direção desse crescimento podem ser significativamente influenciadas pela maneira como o desenvolvimento é abordado nas áreas urbanas já consolidadas.

Observamos um intenso movimento de ativismo que se opõe, em muitos casos de forma inflexível, a empreendimentos de construção e aumento de ocupação em regiões urbanas centrais, com base na proteção ambiental e na qualidade de vida. Uma análise das consequências dessa atuação sugere um efeito paradoxal: a possível intensificação da expansão para áreas periféricas e, um aumento do desmatamento que poderia ser amenizado ou adiado.

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Quando se dificulta ou impede o desenvolvimento em áreas já possuindo infraestrutura – como redes de água, esgoto, transporte público e outros serviços – a procura por espaço para moradia, comércio e serviços não se extingue. Parte dela é direcionada para as periferias das cidades e municípios vizinhos, onde o terreno pode ser, inclusive, mais barato.

Essa realocação do desenvolvimento, embora possa parecer uma vitória para os ativistas urbanos, frequentemente resulta na necessidade de ocupar novas áreas, o que invariavelmente implica em algum grau de desmatamento para a criação de loteamentos, vias de acesso e a expansão da infraestrutura básica.

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O foco principal não reside na inevitabilidade de avanços nas áreas de expansão, mas sim na chance de uma forte oposição ao desenvolvimento central resultar em maior pressão por expansão nas áreas periféricas.

A implementação de projetos contemporâneos e sustentáveis em áreas já modificadas, com capacidade de otimizar o uso da infraestrutura existente e restringir a expansão urbana, poderia reduzir a necessidade de ocupar novas áreas com vegetação nativa, ou, no mínimo, adiá-la.

é relevante questionar se a atuação de determinados grupos ativistas, ao priorizarem a restrição ao desenvolvimento nas cidades, não estaria, de forma indireta, fomentando um aumento da pressão para o desmatamento em outras regiões.

A tentativa de evitar a edificação em áreas já com infraestrutura pode estar fomentando um padrão de expansão urbana mais fragmentado e com maior influência no meio ambiente em suas periferias.

Essa perspectiva suscita uma importante reflexão sobre as motivações por trás dessa forma de ativismo. Trata-se de uma visão abrangente da sustentabilidade, que considere os impactos do desenvolvimento em todas as escalas? Ou haveria uma priorização da oposição à iniciativa privada e ao adensamento urbano, mesmo que isso possa gerar consequências ambientais menos favoráveis em outras áreas? Compreender a fundo essas motivações é fundamental para um debate mais informado sobre o futuro do desenvolvimento urbano e a preservação ambiental.

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Fonte por: Tribuna do Norte

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