Qual a duração do desgaste entre Governo e Congresso?
Christopher Garman acredita que o embate entre forças tende a diminuir com o passar do tempo, mesmo com o aumento da tensão a curto prazo.

A relação entre o Governo e o Congresso Nacional deverá apresentar um período de maior tensão no curto prazo, conforme análise de Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group. O especialista avalia que o recente episódio envolvendo a derrubada do decreto do IOF pelo Legislativo representa um ponto de inflexão nessa dinâmica.
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A decisão do Congresso de revogar o decreto do IOF, que previa uma arrecadação de R$ 20 bilhões para o próximo ano e R$ 10 bilhões para o ano corrente, foi tomada sem prévia comunicação ao Palácio do Planalto.
Garman aponta que essa ação é resultado de um acúmulo de desgastes, incluindo a falta de liberação de emendas parlamentares e um discurso mais confrontativo entre as partes sobre medidas de receita.
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O governo demonstra, por sua vez, uma abordagem mais confrontativa com ministros, reiterando que a hesitação do Congresso em aprovar medidas de arrecadação está relacionada a um suposto intento de defender os interesses dos mais ricos.
Mesmo com essa escalada, Garman acredita que ainda é possível algum entendimento em um prazo médio. Ele argumenta que grande parte do descontentamento do Congresso decorre da ausência de liberação das emendas parlamentares, essenciais para a sobrevivência política dos deputados federais.
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Ademais, o governo também demonstra interesse em alcançar consensos com as lideranças legislativas, buscando a aprovação de projetos prioritários no segundo semestre.
O especialista aponta que, considerando que ambos têm algo a perder, é mais provável que haja uma adequação ao longo do tempo. Contudo, Garman adverte que no curto prazo as tensões devem aumentar, com “faíscas” cada vez mais perceptíveis na relação entre Executivo e Legislativo.
Fonte por: CNN Brasil