Registros de violência contra jornalistas diminuem, porém a situação continua complexa no Brasil
Em 2024, foram registrados 144 episódios de ataques contra jornalistas.

Apesar da diminuição no volume de ocorrências, a violência contra jornalistas permanece como uma séria ameaça à liberdade de imprensa no Brasil. O Relatório sobre Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil 2024, apresentado nesta terça-feira pela Federação Nacional dos Jornalistas, Fenaj, registra 144 incidentes de agressão a profissionais da mídia – o que corresponde a uma ocorrência a cada dois dias e meio.
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Observa-se uma queda de 20,44% em comparação com 2023, período em que foram registrados 181 episódios. Contudo, a Fenaj adverte que os dados ainda apontam para um cenário preocupante. “A diminuição nos números não pode ser utilizada para atenuar a gravidade da situação. A liberdade de imprensa está sob constante ameaça, e proteger o jornalismo é proteger a democracia”, declarou a presidente da entidade, Samira de Castro.
Em Goiás, durante o mês de agosto de 2024, um incidente sério envolveu uma mulher que tentou atropelar uma equipe da TV Serra Dourada, que investigava casos de maus-tratos a animais em um abrigo. A repórter Estefânia Araújo, grávida, foi diretamente alvo da agressora, que acelerou o automóvel em sua direção. Após a tentativa de atropelamento, a mulher saiu do veículo e, em tom de fúria, buscou apreender os equipamentos dos jornalistas.
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Apesar de não ocorrerem mortes de jornalistas durante o exercício da profissão em 2024, o relatório indica um aumento de ameaças graves, além de casos de tentativa de homicídio, censura, assédio judicial e ataques misóginos e simbólicos.
O pedido de arquecimento judicial se destacou como uma das formas mais comuns de agressão, com 23 ocorrências. Já os casos de restrição de liberdade aumentaram significativamente, saltando de 5 em 2023 para 11 em 2024. Políticos, assessores e simpatizantes da direita e da extrema-direita foram responsáveis por 47,22% dos ataques.
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Profissionais de mídias digitais constituíram o principal grupo afetado, respondendo por 43,75% dos incidentes. A polarização política se manifestou notavelmente no período eleitoral, compreendendo cerca de 40% dos ataques, com julho sendo o mês mais intenso do ano.
Na esfera internacional, a situação é ainda mais crítica. A Federação Internacional dos Jornalistas contabilizou 122 jornalistas assassinados em 2024, predominantemente na Faixa de Gaza, em decorrência do conflito entre Israel e Hamas.
Fonte: Carta Capital