“Se eu for condenado, acabou”, diz Bolsonaro; veja próximos passos da ação do golpe
Diante do receio de uma condenação, o ex-capitão busca retardar o andamento do processo criminal.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou nesta quarta-feira, 14, que uma condenação por tentativa de golpe de Estado encerraria sua carreira política.
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“Se eu for condenado, acabou”, resumiu, em entrevista ao UOL. “Até pela minha idade, acabou.”
Em março deste ano, Bolsonaro atingiu os 70 anos de idade. A Procuradoria-Geral da República imputou a ele crimes que demandariam 43 anos de prisão, embora o limite máximo de cumprimento efetivo de pena no Brasil seja de 40 anos.
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Diante do receio de uma condenação, o ex-capitão busca adiar ao máximo o andamento do processo penal que pode resultar em sua prisão. Sua defesa solicitou ao Supremo Tribunal Federal, por exemplo, a anulação dos depoimentos agendados para a próxima segunda-feira 19, sob a alegação de que ainda não teve acesso a todo o material produzido pela investigação.
Além do risco de ser preso, Bolsonaro já está inelegível por duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral.
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Em junho de 2023, a Corte condenou o ex-presidente a oito anos de inelegibilidade por abuso de poder político e utilização indevida dos meios de comunicação, em razão de uma reunião de julho de 2022 com embaixadores estrangeiros para propagar informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro.
Após quatro meses, o TSE o julgou por abuso de poder político e econômico nas celebrações do 7 de Setembro de 2022.
No STF, o processo sobre a trama golpista encontra-se no início da fase de instrução criminal, com depoimentos de testemunhas das partes, produção de provas documentais e periciais e a possível realização de diligências para suprir eventuais lacunas.
Ao término da instrução, caberá ao relator, Alexandre de Moraes, elaborar um relatório, uma espécie de resumo do caso até aquele momento. O ministro também preparará o seu voto, no qual defenderá a condenação ou a absolvição dos réus.
Após Moraes autorizar o caso para julgamento, o presidente da Primeira Turma do Supremo, Cristiano Zanin, marcará a data da votação.
A sessão de julgamento iniciará com a leitura do relatório de Moraes, prosseguindo com a sustentação oral da acusação e da defesa — cada parte terá uma hora para se pronunciar. Em casos de múltiplos réus, o presidente do colegiado poderá ampliar o prazo concedido à acusação.
Após todas as manifestações, Moraes proferirá seu voto. Em seguida, votarão, nesta ordem, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Carmen Lúcia e Cristiano Zanin.
Em caso de condenação, os ministros também terão de fixar a dosimetria das penas, por quanto tempo os réus ficarão presos.
O ex-presidente responderá pelas ações de golpe de Estado, pela abolição violenta do Estado Democrático de Direito, por dano qualificado, por deterioração de patrimônio e por organização criminosa armada.
Fonte: Carta Capital