UCL celebra líder estudantil falecido durante a ditadura

Bergson Gurjão teve sua matrícula cancelada por ser membro do Partido Comunista do Brasil.

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A Universidade Federal do Ceará (UFC) homenageou, em 16 de maio, Bergson Gurjão Farias, estudante assassinado pela ditadura militar em 1972, com o título de graduação post mortem. A data foi selecionada por coincidir com o dia anterior ao aniversário do homenageado.

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Bergão Gurjão liderou o movimento estudantil na década de 1960. Foi vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e diretor do Centro Acadêmico dos Institutos de Ciências da UFC.

Durante o período da ditadura militar, o registro no curso de Química foi cancelado devido à sua atuação como membro do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). Participou da Guerrilha do Araguaia e, em maio de 1972, aos 25 anos, foi encontrado morto pelo Exército e classificado como desaparecido.

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Ielnia, aos 79 anos, residente nos Estados Unidos, afirma: “Bergson tinha aquele idealismo, uma consciência cívica muito grande. Quando ele desapareceu, após a gente saber da morte dele, foi aquela dor. Mas foi uma dor que a gente sabia que foi a escolha dele, que ele não fez nada disso sem pensar; era ele, a consciência dele.”

Os restos mortais de Bergson Gurjão foram encontrados na década de 1990 na região do Araguaia, no Pará, e identificados por meio de exame de DNA. Em 6 de outubro de 2009, com solenais honras de Estado, os restos mortais de Bergson Gurjão foram transferidos de Brasília para Fortaleza.

Foi realizado o velório na Reitoria da UFC e o sepultamento no cemitério Parque da Paz, ao lado de seu pai. Em 21 de fevereiro de 2010, quatro meses após o rito, sua mãe, Luiza Gurjão Farias, faleceu aos 95 anos.

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“Se ele tivesse concluído o curso e recebido o diploma como todos os alunos, eu acredito que teria sido o dia mais feliz do papai e da mamãe. Para mim, é muita emoção”, disse a irmã de Bergson.

Homenagens

O líder estudantil já recebeu outras homenagens na universidade. Em dezembro de 2024, durante a comemoração dos 70 anos da UFC, foi inaugurado o Espaço Cultural Bergson Gurjão Farias, com a exposição “Sementes de Lutas: aqui está presente o movimento estudantil!”.

A UFC também formalizou o Termo de Reconciliação Histórica às ex-militares do movimento estudantil que sofreram perseguição durante a ditadura militar, incluindo processos, impedimentos de matrícula, suspensões, prisões, torturas, assassinatos e desaparecimentos.

Fonte: Carta Capital

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