As chamadas “Zonas Azuis” são cinco regiões do planeta, reconhecidas globalmente por apresentarem uma concentração de idosos com boa saúde, autonomia e expectativa de vida superiores à média.
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A teoria de que essas áreas seriam verdadeiros “pontos” de longevidade tem sido contestada por estudos recentes. Pesquisadores questionam os dados que a sustentam e identificam possíveis erros nos registros que originaram o conceito.
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O que é uma “Zona Azul”?
O termo foi introduzido em 2004 pelo jornalista e explorador da National Geographic, Dan Buettner, após sua visita à ilha de Okinawa, no Japão.
A expedição de Buettner e sua equipe revelou comunidades com longevidade notavelmente superior à média mundial, apresentando uma alta concentração de centenários e baixas incidências de doenças crônicas associadas ao envelhecimento.
São elas: Okinawa (Japão), Sardenha (Itália), Ikaria (Grécia), Nicoya (Costa Rica) e Loma Linda (Califórnia, EUA).
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Nove fatores foram associados à longevidade:
Em 2010, foi lançado um livro sobre o assunto, que se tornou um dos mais vendidos do The New York Times e possibilitou a publicação de uma série de nove obras assinadas por Buettner.
Resultados são cientificamente válidos?
Apesar do caráter inspirador, estudos recentes indicam inconsistências na base que fundamenta as Zonas Azuis.
Uma pesquisa (ainda em avaliação por pares) do demógrafo Saul Justin Newman, da Universidade de Oxford, aponta padrões que sugerem falhas nos registros civis, fraudes fortuitas e até manipulação de dados envolvendo indivíduos com idades consideravelmente avançadas.
Newman identificou que:
Newman, em seu artigo, argumenta que esses padrões sugerem que diversas idades extremas das Zonas Azuis podem não ser autênticas.
A longevidade não seria consequência do modo de vida regional, mas sim de falhas, informações incorretas, fraudes previdenciárias ou substituições de identidade (como a utilização de documentos de familiares falecidos). O trabalho do pesquisador lhe garantiu o Prêmio IgNobel de Demografia em 2024.
O que mais podemos obter das Zonas Azuis?
Apesar das críticas, os especialistas concordam que os hábitos de vida observados nas Zonas Azuis ainda possuem algum valor para as metas de longevidade e qualidade de vida.
Estudos de coorte e metanálises apontam que uma alimentação saudável, a prática regular de exercícios físicos, o apoio social e a saúde mental diminuem o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, câncer e declínio cognitivo. Há evidências consistentes de que esses fatores estão associados tanto à longevidade quanto à melhor qualidade de vida na velhice, conforme afirma Ana Carolina Garcia e Garcia, geriatra e diretora da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia de São Paulo.
Uma lição importante reside na valorização de conexões sociais e da vida com propósito como mecanismos para uma saúde mental plena.
Ter um propósito para despertar diariamente e se sentir conectado com as pessoas está associado a níveis mais baixos de estresse, mais felicidade e maior longevidade. Isso reforça a ideia de que saúde não é só física, mas também emocional e social, afirma Bernardo Guimarães, especialista em endocrinologia e nutrologia.
No entanto, Ana Carolina destaca que a influência precisa desses fatores na longevidade extrema (supercentenários) ainda é discutida, considerando que fatores genéticos, acesso à saúde e aspectos socioeconômicos exercem um papel importante.
A principal aprendizagem é que a prática de hábitos diários tem grande impacto na saúde e na longevidade. Conexão social, propósito de vida e bem-estar mental são tão importantes quanto alimentação e exercício físico. Políticas públicas que favoreçam ambientes saudáveis podem gerar populações mais longevas e felizes, mesmo fora das Zonas Azuis, concluiu a médica.
Pesquisadores identificam gene que pode estar relacionado à longevidade.
Fonte por: CNN Brasil