A China denuncia “politicização” do ensino superior após Trump impedir que estrangeiros matriculem-se em Harvard

A ocorrência acarreta uma possível perda considerável para a instituição, em termos financeiros e de reputação internacional.

23/05/2025 8h33

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(Imagem de reprodução da internet).

A China criticou nesta sexta-feira 23 a “politicização” da educação após a decisão do governo americano de remover do acesso à Universidade de Harvard estudantes estrangeiros, em sua maioria chineses.

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A China sempre se opôs à politização da cooperação educacional, afirmou Mao Ning, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, em coletiva de imprensa. A atitude dos Estados Unidos apenas prejudicará sua imagem e reputação internacional.

Em 22 de julho, o governo de Donald Trump proibiu a Universidade de Harvard de admitir estudantes internacionais. A ação remove da instituição um recurso de influência global e é considerada mais uma ação da administração Trump contra o ensino superior.

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A universidade, apontada como uma das mais renomadas globalmente, recebe aproximadamente 6.700 estudantes internacionais, representando 27% do corpo discente, e já lançou 162 laureados do Prêmio Nobel.

Perda econômica.

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A certificação do programa Sevis (Student and Exchange Visitor) da Universidade de Harvard foi revogada com efeito imediato, conforme escreveu a secretária de Segurança Interna dos Estados Unidos, Kristi Noem, em carta enviada à instituição.

Com a revogação, a Harvard está proibida de admitir estudantes que possuam vistos F ou J no ano letivo de 2025-2026. Esses vistos são utilizados principalmente por estudantes e acadêmicos internacionais.

A ocorrência acarreta uma possível perda considerável para a instituição, tanto em termos financeiros quanto de reputação internacional.

A Associação Americana de Professores Universitários (AAUP) afirmou que “esta decisão é a mais recente de uma série de medidas de retaliação e autoritarismo flagrante contra a mais antiga instituição de ensino superior dos Estados Unidos”. A AAUP declarou que “o governo Trump tenta ilegalmente destruir o ensino superior no país”.

Último aviso.

Os estudantes estrangeiros já matriculados devem solicitar transferência para outras instituições. Foi o que fez o universitário austríaco Karl Molden, de 21 anos, que se transferiu para a Universidade de Oxford, no Reino Unido. “Entrar em Harvard foi o maior privilégio da minha vida”, disse. “Mas os Estados Unidos estão se tornando cada vez menos atraentes para o ensino superior.”

Kristi Noem impõe ainda um ultimato: se desejar reverter a decisão, Harvard deve fornecer, em até 72 horas, informações sobre supostas atividades ilegais de seus estudantes estrangeiros nos últimos cinco anos.

“A decisão do governo é ilegal”, respondeu um porta-voz da universidade. “Estamos totalmente comprometidos em manter a capacidade de Harvard de receber estudantes e acadêmicos internacionais, que vêm de mais de 140 países e enriquecem a universidade e o país.”

A Universidade Harvard já havia processado o governo semanas antes, após a suspensão de auxílios federais.

Ataque às instituições de ensino superior.

O governo Trump tem acusado instituições como Harvard e Columbia de tolerarem o antissemitismo e de não protegerem estudantes judeus em manifestações contra a guerra em Gaza.

O Partido Republicano questiona as universidades em relação à promoção de ideias progressistas. Já organizações de defesa das liberdades civis identificam nas ações uma tentativa de censurar críticas à política israelense.

Noem, em sua carta, acusa Harvard de se recusar a cooperar com o governo, criar um ambiente desfavorável a estudantes judeus e implementar políticas de diversidade, igualdade e inclusão, que a administração Trump considera “racistas”.

A defesa dessas políticas sustenta que elas visam reparar desigualdades históricas na sociedade americana.

O governo já havia reduzido em mais de 2 bilhões de dólares em subsídios para a universidade, impactando projetos de pesquisa. Harvard respondeu com ações judiciais, com o apoio de estudantes e professores.

Estamos trabalhando para orientar e apoiar nossa comunidade. Essa retaliação ameaça gravemente Harvard e compromete sua missão acadêmica e científica, afirmou o porta-voz da instituição.

Para a estudante Alice Goyer, a notícia gerou incerteza entre os colegas estrangeiros. “Todos estão um pouco em pânico”, disse, esperando uma “batalha judicial” contra a decisão.

Na quinta-feira, um juiz federal determinou a suspensão de quaisquer anulações da situação jurídica dos estudantes internacionais. Contudo, ainda não se sabe se essa decisão pode impactar os estudantes da Universidade Harvard.

Fonte: Carta Capital

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