Banco Mundial revisa para baixo projeção de crescimento econômico mundial para 2,3% em 2025
Diante das disputas comerciais, o chefe de economia da instituição monetária, Indermit Gill, declara que, caso a direção não seja alterada, as implicações para o nível de vida podem ser significativas.

O aumento das tarifas americanas está impactando o crescimento da economia global e da América Latina, que apresentarão 2,3% de crescimento neste ano, inferior ao projetado em janeiro, informou o Banco Mundial nesta terça-feira (10). Globalmente, isso representa 0,4 ponto percentual (pp) a menos do que o previsto em janeiro, e na América Latina e no Caribe, 0,2 pp a menos, acrescenta a organização financeira em seu relatório sobre as perspectivas econômicas mundiais. Em 2026, o crescimento na América Latina se estabilizará em 2,5%.
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Em apenas seis meses, um pouso suave (controle da inflação sem recessão, nota do editor) parecia visível para a economia global, mas agora ela parece estar caminhando para uma nova turbulência, alertou o economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill, citado em um comunicado. Se a trajetória não for corrigida, as consequências para os padrões de vida podem ser profundas.
Níveis em declínio desde a década de 1960.
A razão: os impactos dos incrementos nas tarifas alfandegárias do presidente americano Donald Trump e da guerra comercial entre Washington e Pequim, que podem resultar em uma redução do comércio global. Apesar do Banco Mundial descartar o risco de recessão neste ano, acredita que “se as projeções para os próximos dois anos se confirmarem”, a economia global experimentará seu crescimento médio mais fraco desde a década de 1960 na década de 2020. Na América Latina, a demanda interna se mantém, mas as exportações enfraquecem “em meio ao crescente protecionismo comercial e à incerteza política”, afirma o relatório.
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O aumento das barreiras comerciais impacta “indiretamente” toda a região, juntamente com a queda esperada nos preços das matérias-primas. Na América Latina, o país mais afetado é o México, a segunda maior economia da região, que deve crescer 0,2% este ano (-1,3 pp) e 1,5% em 2026. Washington impôs tarifas de 25% sobre importações não cobertas pelo Tratado Livre de Comércio da América do Norte (T-MEC), que também inclui os Estados Unidos e o Canadá.
A situação enfraqueceu as exportações do México, gerando incertezas em um país que em 2024 enviou 80% de suas mercadorias exportadas para os Estados Unidos, dos quais aproximadamente metade não fazia parte do T-MEC. Adicionalmente, a instituição prevê que as altas taxas de juros reduzirão a demanda interna no México. Também afetará o Brasil, cuja projeção de crescimento foi aumentada em 0,2 ponto percentual para 2,4% em 2025, muito inferior à previsão de 3,4% para 2024, devido ao menor consumo e ao crescimento mais fraco do investimento.
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Manter o controle da inflação.
Após dois anos de recessão, a previsão de crescimento econômico da Argentina se destaca: 5,5% neste ano (+0,5 pp) e 4,5% no próximo. O Banco Mundial acredita que a recuperação da Argentina será impulsionada principalmente pelos setores de agricultura, energia e mineração e será apoiada pela “estabilização macroeconômica, pela eliminação dos controles cambiais e por novas reformas favoráveis aos negócios, que devem melhorar a confiança de consumidores e investidores”.
A projeção de crescimento anual para cada país é de 2,5% na Colômbia, 2,1% no Chile, 2,9% no Peru, 1,2% na Bolívia, 3,5% na Costa Rica, 4% na República Dominicana, 1,9% no Equador, 2,2% no El Salvador, 3,5% na Guatemala, 2,8% na Honduras, 3,4% na Nicarágua, 3,5% no Panamá e 3,7% no Paraguai, com Uruguai projetando 2,3%. Considerando que a inflação deve se manter próxima ao teto das metas do Banco Central em diversos países, notadamente no Brasil e na Colômbia, o Banco Mundial não enxerga espaço para diminuir as taxas de juros.
Altas taxas desestimulam o consumo e o investimento, e exercem pressão sobre os preços. O Banco Mundial alerta para o desafio de manter a inflação relativamente controlada. As previsões estão sujeitas a diversos riscos, como uma desaceleração no crescimento nos Estados Unidos, com possível efeito dominó sobre outras economias, ou na China, um parceiro comercial crucial para muitos países sul-americanos. A economia dos EUA deve crescer 1,4% neste ano (-0,9 pontos percentuais) e a da China 4,5% (sem alterações em relação a janeiro). Há também um comprometimento das remessas enviadas por migrantes, principalmente em alguns países da América Central e do Caribe, onde representam aproximadamente 20% do PIB.
Com informações da AFP.
Fonte por: Jovem Pan