Lula lança pacote de investimentos para a população afetada pela tragédia de Mariana

O chefe do executivo declarou que é fundamental que “todos os afetados compreendam detalhadamente o que ocorrerá e qual o valor a ser recebido” no âmbito da compensação.

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DF - BRASÍLIA, CERIMÔNIA PELO DIA DO MEIO AMBIENTE - POLÍTICA - DF - BRASÍLIA - 03/06/2025 - BRASÍLIA, CERIMÔNIA PELO DIA DO MEIO AMBIENTE - O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, participa de uma cerimônia de assinatura de decretos por ocasião do Dia do Meio Ambiente no Palácio do Planalto, em Brasília, Brasil, em 3 de junho de 2025. 03/06/2025 - Foto: MATEUS BONOMI/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve nesta quinta-feira (12), em Mariana (MG), para anunciar uma nova fase do Acordo Rio Doce, destinado à reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem do Fundão, em 2015. A visita marca um novo momento no esforço federal de assegurar justiça socioambiental, reconstrução e dignidade para os afetados. Durante o evento, Lula reconheceu que o novo acordo “não é o ideal”, mas afirmou que representa um avanço importante em relação à proposta anterior. Segundo ele, é essencial que “cada um dos atingidos saiba exatamente o que vai acontecer e quanto vai receber” no processo de reparação. O presidente também destacou que o governo assumiu a responsabilidade de garantir que as ações sejam executadas, cobrando de seus ministros o cumprimento do compromisso. Entre as medidas anunciadas, estão:

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• Programa de Transferência de Renda (PTR): destinado a agricultores familiares e pescadores afetados, prevê pagamento mensal de 1,5 salário mínimo por 36 meses, seguido de mais 12 meses com 1 salário mínimo. Aproximadamente 37 mil famílias serão beneficiadas, com investimentos de R$ 3,7 bilhões nos próximos quatro anos.• Hospital Universitário de Mariana: será construído por meio de parceria entre o Ministério da Saúde, Educação, Universidade Federal de Ouro Preto e prefeitura. O investimento é de R$ 200 milhões e a unidade atenderá casos de média e alta complexidade.• Planos de Ação em Saúde: Mariana, Ouro Preto, Barra Longa e Rio Doce receberão R$ 167 milhões para custeio e ampliação da rede de saúde.• Observatório da Educação da Bacia do Rio Doce: com investimento de R$ 9 milhões até 2027, fornecerá diagnóstico sobre os desafios educacionais nos 49 municípios atingidos em Minas Gerais e no Espírito Santo.• 15 Centros de Formação das Juventudes: espaços com cursos profissionalizantes e atividades comunitárias, somados a um pacote de R$ 81 milhões para melhorias nas escolas, com placas solares, cisternas e climatização de salas de aula.• Novas Assessorias Técnicas Independentes (ATIs): Cáritas e AEDAS serão responsáveis por assessorar comunidades de Mariana e Barra Longa, com o objetivo de fortalecer a participação popular na reparação.

O Acordo Rio Doce prevê o repasse de R$ 132 bilhões em recursos até 2030, dos quais R$ 100 bilhões serão administrados pela União e entes federados, e R$ 32 bilhões ficarão sob responsabilidade das empresas envolvidas no desastre. Na esfera legislativa, a Câmara dos Deputados aprovou no dia 9 de maio um projeto que criminaliza a obstrução à fiscalização de barragens. O texto prevê pena de prisão para quem dificultar o trabalho de órgãos de controle. “A fiscalização das barragens é essencial para o acompanhamento de serviços e obras para recuperação e redução dos riscos”, disse o relator da proposta, deputado Gabriel Nunes (PSD-BA).

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O deputado Pedro Aihara (PRD-MG), membro da Comissão Externa de Fiscalização dos Rompimentos de Barragens e da Repactuação, defende uma maior descentralização no repasse dos recursos para acelerar o processo. A maior parte das ações é executada pelo governo federal, e não pelos governos municipais e do estado. Embora seja interessante que parte desse recurso seja executada pela União, a distribuição poderia ser mais igualitária, pois descentralizando esse recurso para o estado e para os municípios, conseguimos, além de uma execução geralmente mais rápida, contemplar peculiaridades regionais e locais, que frequentemente, quando esses processos são conduzidos pela União.

Aihara ressalta a falta de responsabilização penal de executivos e empresas envolvidos em desastres como o de Mariana, criticando a lentidão e a impunidade nos processos judiciais. Dez anos se passaram e, até hoje, ninguém está preso, ninguém é responsabilizado penalmente pela morte de várias pessoas. E é sempre importante lembrar: são mortes que deveriam ter sido evitadas. Não estamos falando de um acidente, estamos falando de um processo que aconteceu e que resultou na morte de pessoas devido à negligência, devido à condescendência criminosa e precisamos dar uma resposta para isso.

Em outra esfera, em 5 de junho, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ratificou a adesão do estado ao programa de pagamento integral de dívidas com a União (Propag), que contempla a disponibilização de 343 imóveis públicos como medida de redução de valores. Internacionalmente, o Judiciário da Holanda agendou para 14 de julho uma audiência sobre a ação movida contra a BHP Billiton referente às vítimas do desastre. A discussão no continente europeu se justifica pela sede da mineradora naquele país, e há a consideração de que empresas multinacionais podem ser responsabilizadas por suas subsidiárias, mesmo que os danos tenham ocorrido em outra localidade.

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Fonte por: Jovem Pan

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