Rio de Janeiro Lidera Fórum Climático Global com Mike Bloomberg

Rio de Janeiro e a Nova Diplomacia Climática: Um Fórum de Líderes Locais para Impulsionar a Ação Global

Treze anos separam duas cúpulas no Rio de Janeiro, marcando uma reviravolta crucial na diplomacia climática global. Em 2012, Mike Bloomberg liderou uma delegação de prefeitos na Cúpula da Terra, buscando soluções para a mudança climática, que na época era vista como um problema a ser resolvido unicamente pelos governos nacionais, através de sacrifícios.

Agora, com a organização do Fórum de Líderes Locais, que acontecerá de 3 a 5 de novembro de 2024 no Rio de Janeiro, a perspectiva mudou. Prefeitos vislumbram uma oportunidade de crescimento econômico em conjunto com a redução de emissões, abandonando a ideia de sacrifício.

O evento, que antecede a Cúpula Mundial de Prefeitos da C40, celebra os 20 anos da rede e as próximas prioridades globais. O Rio de Janeiro, confrontado com desafios como desigualdade, violência urbana e acesso a serviços básicos, busca se consolidar como um polo de inovação e soluções sustentáveis.

Leia também:

Racionamento de água: 12 dias por ano até 2050, aponta estudo

Brasil apresenta rede de agricultura tropical regenerativa na COP30

Polo de moda sustentável no Marajó transforma economia da região mais pobre do Brasil

A iniciativa, liderada por figuras como Mike Bloomberg, Sadiq Khan (Prefeito de Londres) e Ana Toni (CEO da COP30), visa demonstrar que a liderança local se soma ao progresso global.

A organização do Fórum é estratégica: o Brasil abraçou o “mutirão” como estratégia central para a grande conferência do clima da ONU em Belém do Pará. A expectativa é que, ao unirem forças, a ação climática seja mais eficaz. Rogier van den Berg, Diretor Global do WRI Ross Center for Sustainable Cities, ressalta a agilidade das cidades em implementar mudanças e espalhar modelos para todo o país.

No entanto, um obstáculo crítico impede a escalabilidade: o financiamento climático ainda não chega às mãos de quem está entregando resultados.

A coalizão global CHAMP (Coalition for High Ambition Multi-Level Partnership), lançada em 2023, facilita a colaboração entre governos nacionais e subnacionais, impulsionada por 77 países que representam 65% do PIB global, 37% das emissões globais e 35% da população mundial.

A iniciativa colombiana, que estabelece metas subnacionais como 600 mil veículos elétricos nas estradas até 2030, exemplifica essa nova abordagem.

O Fórum incluirá a premiação do Local Leaders Climate Awards 2025, celebrando projetos que lideram a transição climática nas cidades, como a política de enfrentamento do calor extremo do Rio de Janeiro. A expectativa é que os resultados e demandas dos líderes locais sejam entregues a Belém, onde serão incorporados ao documento central da COP30.

A pressão das cidades rumo à COP30 é fundamental. Nate Hultman, do Center for Global Sustainability da University of Maryland, enfatiza a importância de aprimorar políticas em níveis subnacionais e nacionais, tanto para encorajar a aceleração dessas ações quanto para auxiliar no cumprimento das metas do Acordo de Paris.

A iniciativa representa um ponto de inflexão na diplomacia climática, unindo a ação local com a global, reconhecendo o papel crucial das cidades na construção de um futuro mais sustentável. A chave para o sucesso reside na capacidade de destravar o financiamento e garantir que as soluções, impulsionadas pela liderança local, avancem na velocidade necessária para enfrentar a crise climática.