O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, na sexta-feira (16), a detecção do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja de aves comerciais. Trata-se do primeiro foco de IAAP identificado em sistemas de avicultura comercial no Brasil.

A circulação do vírus foi confirmada em um matagigante situado no município de Montenegro (RS). O IAAP já havia sido detectado na Ásia, África e no norte da Europa.

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Será que humanos contraem gripe aviária?

As infecções por gripe aviária são raras em humanos. Conforme o nome indica, os vírus da influenza aviária preferem infectar aves. eles invadem as células ao se fixarem em açúcares que se projetam de suas superfícies, denominados açúcares sílicos.

Um estudo publicado em dezembro de 2024, na revista Science, demonstrou que somente uma mudança genética fundamental no vírus permitiria que ele se ligasse aos tipos de ácidos siálicos mais comuns no nariz e pulmões das pessoas. Contudo, é quase impossível prever quando isso poderia ocorrer — ou se algum dia acontecerá.

Transmissão de animais para humanos

A infecção por gripe aviária em humanos ocorreu quase sempre por meio do contato com animais infectados. Exceto em um caso, todas essas transmissões foram brandas.

Segundo Michael Osterholm, diretor do Centro de Pesquisa e Política de Doenças Infecciosas da Universidade de Minnesota, os dois grupos de indivíduos com maior risco são aqueles que trabalham com bovinos ou aves, e pessoas que mantêm criações em quintais.

As aves eliminam o vírus através da saliva, muco e fezes, e ele pode se tornar aerotransportado quando suas camas e penas são agitadas nos galpões, principalmente durante operações de abate. “Pode estar no ar”, afirmou Osterholm. “Então não é apenas o contato tocando as aves, mas também a poeira e toda a caspa que ocorre quando você está lidando com aves.”

O vírus também se concentra nos úberes das vacas leiteiras, e pesquisas identificaram altas concentrações do vírus da gripe aviária no leite cru ou não pasteurizado.

O consumo de leite cru apresenta riscos à saúde devido à presença de bactérias patogênicas e toxinas produzidas por microrganismos.

Não houve relação entre infecções humanas e o consumo de leite cru, embora uma criança na Califórnia tenha recentemente testado positivo para influenza após ingerir uma grande quantidade de leite cru. Contudo, o CDC não conseguiu confirmar se a infecção era gripe aviária, essa criança está listada como um caso suspeito.

Existem diversos dados sobre outros patógenos que podem ser encontrados no leite cru, mesmo sem evidências específicas para H5N1. Em 2023 e 2024, foram identificados surtos de infecções por *E. coli* e salmonela, sendo rastreados até o leite cru. Ele também pode conter outros patógenos, como *Listeria* e *Campylobacter*.

A pasteurização elimina todos esses microrganismos prejudiciais, incluindo o H5N1, conforme evidenciado por um estudo governamental recente.

Contudo, a refrigeração não eliminou o vírus. Um estudo recente da Universidade de Stanford, que incluiu a contaminação de leite cru com vírus da gripe e testes em células em placas de Petri, revelou que o vírus ainda podia infectar células por até cinco dias após ser refrigerado.

Permanecer protegido.

Conforme o CDC, a forma mais eficaz de prevenir a gripe aviária é evitar fontes de exposição. As pessoas podem adquirir a gripe aviária quando vírus em quantidade suficiente entram em seus olhos, nariz ou boca, ou quando são inalados. Isso frequentemente demanda exposição próxima e prolongada a animais infectados.

o Código de Defesa do Consumidor sugere que indivíduos se mantenham distantes de aves ou outros animais doentes ou mortos, e evitem o contato com superfícies contaminadas com fezes ou saliva, tais como lixo ou cama.

Se você necessitar lidar com aves, vacas ou outros animais doentes, por exemplo, em uma fazenda ou ambiente de resgate, o CDC recomenda o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) adequados, que incluem:

Devido ao grande número de microrganismos nocivos que o leite cru pode conter, especialistas recomendam evitar seu consumo e preferir produtos lácteos pasteurizados.

Quanto aos ovos crus, a Food and Drug Administration (FDA), dos EUA, considera improvável que ovos de um rebanho infectado atinjam as prateleiras das lojas, visto que as aves adoecem rapidamente com a gripe aviária e existem salvaguardas implementadas, como inspeções, para evitar que ovos contaminados cheguem ao mercado.

Ainda assim, é recomendável cozinhar ovos e aves até uma temperatura segura e evitar a contaminação cruzada entre alimentos crus e cozidos na cozinha.

Com informações de Brenda Goodman, da CNN.

Influenza aviária: o que é, quais os sintomas e como é realizado o tratamento

Fonte: CNN Brasil