Índia e Paquistão declaram vitória, porém combates persistem

O embate é visto como a maior escalada de tensões entre os dois adversários em décadas.

08/05/2025 22h19

6 min de leitura

Imagem PreCarregada
(Imagem de reprodução da internet).

Os confrontos desta semana entre Paquistão e Índia representam a mais grave escalada de tensões entre esses dois países históricos, com milhões de pessoas em ambos os lados da fronteira se questionando o que pode ocorrer em seguida.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Apesar da promessa de retaliação pelos ataques da Índia em seu território, o Paquistão ainda não respondeu, e ambos os lados já declararam vitória. As hostilidades persistem.

A pânico generalizado atingiu ambos os países na quarta-feira (7), após Nova Délhi lançar ataques militares direcionados, e Islamabad afirmou ter abatido aviões inimigos.

LEIA TAMBÉM:

Na quinta-feira (8), o Paquistão afirmou ter abatido pelo menos 25 drones indianos em território nacional durante a noite, considerando uma nova provocação séria originada de Nova Deli, que resultou em ferimentos a quatro soldados e a morte de um civil.

A CNN não conseguiu verificar essas alegações de forma independente e contatou a Força Aérea e o Ministério da Defesa da Índia.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Existe o receio de que cada nova etapa de confronto por parte de qualquer lado se transforme rapidamente em um conflito completo.

A mídia indiana celebrava, em meio aos ataques de quarta-feira (7). “Golpes de justiça”, afirmava um editorial de um dos principais jornais ingleses da Índia, elogiando a resposta “rígida” e “resoluta” do país ao massacre de 26 pessoas na Caxemira administrada pela Índia, perpetrado por militantes. Uma manchete do The Indian Express refletia um tom similar: “Justiça Realizada”.

No Paquistão, a declaração do primeiro-ministro Shehbaz Sharif foi excessiva. Ele prometeu “recompensar” as mortes de 31 pessoas, que, segundo o Paquistão, foram vítimas de ataques da Índia, e ainda assim aparentou celebrar seus supostos ataques a aeronaves indianas.

Ele afirmou que o inimigo se rendeu em poucas horas.

A Índia alega ter detectado infraestrutura terrorista ligada a dois grupos islâmicos – Lashkar-e-Tayyiba e Jaish-e-Mohammed – acusados de estar por trás de alguns dos ataques militantes mais letais no país. Os ataques de quarta-feira (7) não visavam infraestrutura militar e não resultaram em mortes de civis, segundo Nova Délhi, o que pode permitir que Índia e Paquistão encontrem uma forma de evitar uma guerra em larga escala.

Um ataque ocorreu na província de Punjab, no Paquistão, que foi o mais grave no território inegável do Paquistão desde a grande guerra travada entre os dois países em 1971. O ataque também visou diversos locais, incluindo o coração do poderoso exército e sede do governo Sharif, e atingiu uma mesquita, segundo autoridades paquistanesas, gerando grande irritação em milhões de pessoas no país de maioria muçulmana.

A situação atual, segundo analistas, depende crucialmente da próxima ação de Islamabad.

“Todos os olhos estão voltados para o Paquistão”, declarou Michael Kugelman, analista da Ásia Meridional sediado em Washington. “Se o país decidir preservar sua imagem e reivindicar a vitória – talvez apontando para a queda de jatos indianos, que Nova Délhi não confirmou – e encerrar o assunto, uma saída pode ser vista”. Contudo, ele alertou que “todas as apostas seriam canceladas” caso o Paquistão decidisse contra-atacar.

Nada a perder.

A maioria dos analistas acredita que países com armas nucleares não podem permitir que haja mais conflitos.

Índia e Paquistão já enfrentaram três guerras pela Caxemira, uma região disputada que ambos reivindicam integralmente e da qual cada um controla parte. Um novo conflito pode ter consequências desastrosas.

Desde sua fundação, há setenta anos, no contexto da antiga Índia Britânica, o Paquistão – atualmente habitado por 230 milhões de pessoas – tem confrontado desafios crescentes, incluindo instabilidade política, insurgência militante alarmante, desastres climáticos e instabilidade econômica.

A Índia demonstra uma posição mais robusta; seu exército é considerado superior em qualquer confronto convencional, com base em números, e o país possui uma economia dez vezes maior que a do Paquistão. Contudo, também teria algo a perder caso o conflito se intensificasse, segundo Tanvi Madan, pesquisadora sênior do programa de Política Externa da Brookings Institution.

“Em grande parte, são dois atores racionais que não querem uma guerra mais ampla”, afirmou Madan.

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, assegurou que a Índia ascenderá em sua posição no cenário global, buscando sediar os Jogos Olímpicos e superar a China como principal potência industrial mundial.

A Índia já enfrenta ameaças à segurança em diversas frentes — principalmente ao longo das fronteiras contestadas com a China.

Desescalada ou mais por vir?

A Índia agiu rapidamente ao projetar que sua resposta ao massacre de 22 de abril foi “focada, ponderada e não escalonada” e deixou claro que era uma resposta ao ataque contra turistas.

Consultores seniores do The Asia Group, como Nisha Biswal, relataram que altos funcionários em Nova Delhi entraram em contato com colegas nos Estados Unidos, Oriente Médio e Rússia, presumivelmente para incentivar a pressão internacional sobre o Paquistão, a fim de evitar a escalada.

Os líderes do Paquistão celebraram a vitória da força aérea do país, afirmando que cinco aeronaves indianas foram destruídas durante um confronto de uma hora, ocorrido a mais de 160 quilômetros de distância.

Os líderes indianos não se pronunciaram sobre as alegações e não admitiram a perda de aeronaves. Os paquistaneses não apresentaram provas do abate de aeronaves, mas uma fonte do Ministério da Defesa francês afirmou que pelo menos um dos caças mais novos e avançados da Índia – um caça Rafale de fabricação francesa – foi perdido na batalha.

Se houve perdas para a Índia, o Paquistão poderia reivindicar a vitória “mesmo que as circunstâncias sejam obscuras”, disse Milan Vaishnav, pesquisador sênior e diretor do Programa do Sul da Ásia no Carnegie Endowment for International Peace. “Isso permitiria ao Paquistão alegar que impôs custos a alvos militares indianos.”

Contudo, no meio da névoa da guerra, o poderoso general do exército paquistanês, Asim Munir, já havia prometido revidar qualquer agressão da Índia.

Munir, conhecido por sua postura firme em relação ao nacionalista hindu Modi, tem a reputação de ser mais assertivo que seu antecessor, Qamar Javed Bajwa.

Enquanto isso, há anos diversas vozes no partido nacionalista hindu de Modi defendem uma ação drástica contra o Paquistão.

Kugelman, especialista na Ásia, afirmou que os Estados Unidos, que tradicionalmente atuaram como mediadores nessas situações, podem tentar reduzir a tensão, embora não haja clareza sobre o volume de recursos que o governo Trump está disposto a disponibilizar.

A China buscou diminuir a tensão, porém seus vínculos apertados com a Índia a impedem de atuar como intermediária adequada. Os principais candidatos a mediadores são os países do Golfo Árabe, notadamente Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, devido aos seus intensos laços com ambos os países.

O Catar agiu prontamente, solicitando mediação diplomática após os ataques de quarta-feira (7).

Apesar da crença de que há uma saída para ambos os casos, todos concordam que a situação permanece fluida e tensa. “Esta crise é tão imprevisível quanto perigosa – uma combinação inquietante”, acrescentou Kugelman.

Fonte: CNN Brasil

Utilizamos cookies como explicado em nossa Política de Privacidade, ao continuar em nosso site você aceita tais condições.