O tema do combate aos abusos sexuais na Igreja já está em discussão sobre o Papa Leão XIV

A ONG solicita à Prevost “medidas decisivas nos primeiros 100 dias”, incluindo uma lei de tolerância zero no direito canônico e a criação de um fundo de reparação.

10/05/2025 7h49

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(Imagem de reprodução da internet).

Um dos principais desafios do Papa Leão XIV é prosseguir com o combate às agressões sexuais na Igreja, que começou com Francisco, mas seu histórico comportamento no Peru causa preocupação entre organizações de defesa das vítimas.

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Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito o 267º papa na quinta-feira, 8, após uma trajetória no Peru, onde o então bispo de Chiclayo precisou lidar com escândalos que afetam há anos a Igreja Católica.

após sua eleição, a Conferência Episcopal Peruana afirmou que o sucessor de Francisco “preparou o terreno” para a proteção de vítimas de agressões no Peru.

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As organizações SNAP e Bishop Accountability declararam questionar o compromisso do segundo papa das Américas com o fim do regime de sigilo.

A diretora Anne Barrett Doyle, codiretora da Bishop Accountability, questiona se o Papa Leão XIV priorizará o combate a abusos e encobrimentos.

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As preocupações datam do período em que o primeiro papa agostiniano exercia o cargo de bispo de Chiclayo, no norte do Peru, entre 2013 e 2025.

Ele não divulgou o nome de nenhum dos envolvidos, declarou Barrett Doyle.

A Rede de Sobreviventes de Abuso Sexual por Sacerdotes (SNAP) recordou que, nesse período, três vítimas relataram suas alegações à diocese, sem sucesso, e posteriormente as denunciaram às autoridades civis em 2022.

A ONG afirma que a Prevost não iniciou uma investigação e forneceu informações inadequadas a Roma, permitindo que o sacerdote [denunciado] prosseguisse com as celebrações da missa.

Em 2000, ao exercer a chefia dos agostinianos em Chicago, autorizou a permanência de um sacerdote acusado de agressão sexual infantil em um convento agostiniano próximo a uma escola municipal, acrescentou.

Organizações não governamentais também questionam sua atuação diante do Dicastério para os Bispos, cargo que ocupava desde sua nomeação por Francisco em 2023, em substituição do canadense Marc Ouellet, acusado de agressão sexual a uma mulher.

Como prefeito desta câmara, Prevost deveria supervisionar os casos apresentados contra bispos acusados de abusos sexuais e de encobrimento.

Ele preservou o segredo desse processo e, sob sua supervisão, nenhum bispo cúmplice foi destituído de seu título, lamentou a Bishop Accountability.

Não há nada a reescrever.

O bispo Edison Farfán, sucessor do novo papa na diocese de Chiclayo, rejeitou a controvérsia que visa “deslegitimar” Prevost.

“Isso é mentira, ele ouviu [as partes] e respeitou os procedimentos”, afirmou o bispo peruano aos jornalistas.

Farfán declarou que seu predecessor investigou o sacerdote acusado por três vítimas na diocese peruana e que o processo segue em andamento.

É necessário seguir o processo canônico até o fim, respeitando os procedimentos, explicou, ao adicionar que isso não ocorre da maneira imediata.

Ademais, o sacerdote foi enviado imediatamente para casa, informou a AFP Fidel Purisaca, diretor de comunicações da diocese.

A Bishop Accountability reconhece iniciativas positivas do novo Papa, incluindo a condenação de agressões e corrupção no Sodalício de Vida Cristã (também conhecido como Sodalitium Christianae Vitae, SCV), uma congregação ultraconservadora de leigos e sacerdotes de origem peruana.

Antes de Prevost partir do Peru, Francisco ordenou sua intervenção. Após sete anos de investigações, o Papa argentino determinou, neste ano, a dissolução do Sodalício.

A própria congregação admitiu que os membros da cúpula abusaram sexualmente de 19 menores e dez adultos entre 1975 e 2002.

Pedro Salinas, uma das vítimas, garantiu que Prevost desempenhou “um papel extremamente importante” para a dissolução do SCV, segundo destaca Barrett Doyle, em um contexto “esperançoso”.

Em janeiro, o então cardeal Prevost também recebeu no Vaticano José Enrique Escardó, uma das primeiras vítimas que denunciou os abusos do Sodalício.

Solicitação de medidas.

O Papa Francisco implementou diversas ações para combater o abuso sexual de menores na Igreja, incluindo a suspensão do sigilo pontifício e o dever de relatar os casos à hierarquia.

As entidades de apoio às vítimas demonstraram insatisfação com suas ações. A questão se tornou um dos maiores desafios para a instituição.

Diversos países asiáticos e africanos consideram essa questão como um tabu. A Itália não iniciou uma investigação independente dos casos.

A SNAP solicitou a Leão XIV que adotasse medidas decisivas nos primeiros 100 dias do pontificado em relação aos abusos sexuais, incluindo uma lei de tolerância zero no âmbito da jurisdição canônica e a criação de um fundo de compensação.

O Papa declarou rejeitar o encobrimento e o segredo, pois é preciso ajudar as pessoas que sofreram por más ações.

Fonte: Carta Capital

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